Longa-metragem roteirizado pelo guarulhense Ayrton Battista mostra cenas que impressionam e emocionam ao mesmo tempo
Com cenas gravadas no Instituto Coliseu Boxe Center, Minhas Mãos combina drama e ação para falar sobre escolhas pessoais e dedicação ao esporte
Por Carla Maio
O conflito de um lutador entre escolhas pessoais e a dedicação ao boxe é o mote de Minhas Mãos, longa-metragem com 50 minutos, roteirizado pelo guarulhense Ayrton Battista e lançado em julho deste ano pela plataforma Feliz7Play. O roteiro de Minhas Mãos foi concebido há cerca de 5 anos, uma história cristã que encontrou no espaço do Instituto Assistencial Coliseu Boxe Center locação ideal para grande parte das cenas do filme.
Minhas mãos conta a história de Cássio, um jovem boxeador negro em conflito entre o ringue e a religião. Seu treinador é um homem ferido no corpo e na alma, que espera usar o jovem como uma espécie de avatar em um mundo do qual ele não consegue se libertar. Determinado a se tornar um campeão e deixar a pobreza para trás, Cássio decide se afastar da igreja para se dedicar totalmente aos treinos. No entanto, o destino coloca Estela em seu caminho, uma cristã devota que desperta sentimentos profundos em Cássio.
Cenas de luta que impressionam e emocionam ao mesmo tempo
O filme foi produzido pela Cine Haven, produtora de São José do Rio Preto que presta serviços para a Feliz7Play, plataforma que conta com um canal de filmes disponíveis gratuitamente no YouTube. O responsável pela Cine Haven é Rogério Lemos, profissional com larga experiência e que assina a produção e direção do filme.
Em 2022, Ayrton e Rogério se conheceram. Rogério estava atrás de uma história cristã, com drama e ação, e quando viu o roteiro de Minhas Mãos, gostou. Logo, a Feliz7Play aprovou e o projeto entrou em produção. “Eu disse a Rogério que sabia exatamente onde íamos filmar, no Coliseu, aqui em Guarulhos. Ele adorou a ideia, visitou o lugar e tudo foi feito muito rápido, o filme inteiro foi filmado em uma semana”, vibra Ayrton.
O roteirista conta ainda que Rogério tinha grande preocupação em não fazer as cenas parecerem violentas. Então, Ayrton fez a coreografia de lutas e teve que improvisar com muito cuidado. Na edição, Rogério também foi cuidadoso com a escolha das cenas e o resultado é uma luta de boxe real, que impressiona e emociona ao mesmo tempo.
“A luta final no ringue foi a que deu mais trabalho de rodar, nós tínhamos um único dia para coreografar a luta, ensaiar, preparar o cenário e filmar, tudo isso com a plateia esperando. Deu muito trabalho, mas deu certo, acho que vivemos um milagre, eu não acreditava que poderíamos fazer tudo o que fizemos das 7 horas da manhã até 9 horas da noite”.
A cena da luta também se destaca pela participação da atleta guarulhense Lila Furtado, atual campeã brasileira e latino-americana pelo Conselho Nacional de Boxe (CNB), que interage com o personagem Cássio no final da luta, no ringue.
Mais histórias para contar
Durante as filmagens no Coliseu, Ayrton conta que conheceu algumas das atividades socioeducativas, arte, cultura e esporte oferecidas a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social. Ele também ficou impressionado com as fotos de personalidades do boxe que já haviam visitado a entidade, como Mike Tyson, Evander Holyfield, George Foreman, entre outros.
“Nos intervalos das filmagens, conversei muito com os treinadores, e além de informações técnicas sobre o boxe, também contaram histórias de jovens que foram salvos das drogas e do crime e transformados em campeões”, conta Ayrton, observando nesses relatos a possibilidade de elaboração de um novo roteiro, dessa vez para uma websérie.
Apaixonado por filmes, Ayrton Battista cresceu dentro de salas de cinema. Fez parte do Clube do 16mm de São Paulo, no bairro do Ipiranga, onde todo sábado um membro do clube levava um filme para exibir no seu próprio projetor, para um público de cinéfilos. Com 22 anos, tornou-se projecionista do Grupo Paris filmes.
Incentivado a escrever roteiros por uma professora de teatro que lhe emprestava peças de grandes dramaturgos americanos, como Tennessee Williams, Eugene O’Neill e Arthur Miller, Battista conta que aprendeu realmente a gostar de escrever com a leitura de obras de Edgard Allan Poe. Hoje, ele tem seis livros publicados no formato eBook, nos gêneros de ficção de aventura e drama psicológico.
Em 2019, um de seus roteiros ficou entre os três finalistas de um concurso do FICC – Festival Internacional de Cinema, o que resultou em um convite para escrever uma minissérie sobre Wall Street, que seria rodada em Nova Iorque. O trabalho não chegou a ser realizado, mas através dele Battista conheceu Rogério Lemos, que decidiu produzir Minhas Mãos.
Para saber mais sobre o trabalho do roteirista Ayrton Battista, siga seu perfil no Instagram @ayrtonbattista.
Confira o filme Minhas Mãos: