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Opinião

Digitalização e experiência

Por Vitor Souza

Tocam os três sinais, apagam-se as luzes e uma nova experiência começa. Essa é a visão que o público não experimente há mais de um ano por conta da pandemia. Trocamos os três sinais pela notificação na tela do celular. O bar pelo chat. A curadoria pelo algoritmo. Mas, por enquanto, a arte ainda não foi substituída.

A Lei Aldir Blanc e outras ações específicas que ocorreram em estados e municípios pelo país deram respostas emergenciais para socorrer a cultura, um dos principais setores econômicos do Brasil e do mundo, e que certamente será um dos responsáveis pela importante aceleração do crescimento econômico e social no pós-pandemia.

O ambiente digital foi bastante acelerado com a pandemia, nenhuma novidade nisso. O público que tinha ressalvas sobre a aquisição online teve que se acostumar a comprar livros sem folhear, roupas sem experimentar, ingressos e assinaturas de cursos e atividades artísticas para acompanhar pelas telas.

A pandemia acelerou o processo de digitalização, uma tendência importante e que vinha sendo acompanhada por todos. A automação, internet das coisas, inteligência artificial e por aí vai. Quem investiu nesse segmento não deve ter se arrependido e plataformas digitais certamente devem figurar nos números atuais entre as que mais obtiveram retorno econômico no período.

Além da digitalização, outra tendência que vinha sendo acompanhada por muitos mercados era a da experiência do usuário (do cliente, do público…). Claro que essa tendência também dialoga no ambiente digital em práticas que vão do “mobile first”, “gamificação”, interatividade entre telas e por aí também segue.

Mas nesse ambiente, muita expectativa, trabalho e dinheiro foram investidos em espaços que sequer foram abertos. Sem falar nas ações de entretenimento de grande porte como os festivais de música, festas tradicionais, bienais e feiras que tanto movimentam o setor cultural, sua cadeia direta e indireta, o público e que agora é colocado em questão.

Durante a pandemia, o desenvolvimento do marketing olfativo – levando o aroma das principais marcas até as casas dos clientes, ganhou destaque. Ações mais simples como envio de bilhetes assinados, bombons e alguns mimos foram usados por algumas empresas do setor de serviços.

As artes entregam uma experiência importantíssima de reflexão e questionamento. Por isso o patrocínio – que é uma ação de marketing e não uma forma de financiamento das artes, utiliza-se tão fortemente de atividades artístico-culturais para gerar engajamento com o público.

O Segmento cultural segue se reinventando… experiências customizadas na escrita, na música, nas artes… são maneira de garantir que a relação entre artista e público se mantenham nesse período. Também o digital permitiu o reencontro com outras experiências como os podcasts que vêm sendo intensificado com o aumento de 177% em 2020, segundo o Deezer, e de 200% no terceiro trimestre de 2020, segundo o Spotify.

A cultura é o resultado na nossa relação enquanto sociedade. Se o mundo mudou, ainda que por um período de tempo, a cultura vai acompanhar esse processo. Mas muitas outras indústrias, não…

Digitalização ou experiência são ambientes perfeitos para o desenvolvimento do setor cultural. Se por um lado a pandemia nos levou à aceleração da digitalização, uma grande mudança na expectativa do público em relação ao seu desejo pela experiência deve vir.

Estarão nossos espaços fixos ou eventuais preparados para esses novos momentos?


Antes que eu me esqueça….

Até a última semana, o podcast 1001 Noites de Cultura em Guarulhos já contou 16 histórias de artistas guarulhenses e suas relações com a cidade. A cada episódio eu converso com dois convidados para saber mais de suas histórias, suas experiências, vivências e sua relação com a arte e a cultura de Guarulhos. Para quem ficou interessado em garantir essa maratona, você pode acompanhar todos os episódios clicando aqui! Estamos preparando uma conversa especial para o episódio #0010… Em breve!

Outras variáveis – O Grupo Populacho começou a realizar uma série de conversas com artistas e fazedores de cultura da cidade. Uma iniciativa espontânea do grupo para estimular e dar sua contribuição ao fortalecimento da classe artística local. Quem quiser acompanhar essa atividade e conhecer um pouco mais dos coletivos da cidade, acesse www.instagram.com/grupopopulacho

Dia Mundial da Criatividade – tive o prazer de participar essa semana do WINND – World Innovation Day – 1º Simpósio de Inovação e Sustentabilidade, uma série de eventos que teve como objetivo comemorar duas datas extremamente importantes do calendário mundial: o Dia Mundial da Criatividade e Inovação (21 de abril) e o Dia Mundial da Terra (22 de abril). Te convido para acompanhar a minha participação no Painel 1 – Tema: Turismo e Cultura: Mudanças e tendências no pós pandemia. Clique no título do painel para assistir!

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