Conheça o Cinemalucos
Guarulhenses criam podcast divertido, com lançamentos, novidades e curiosidades para amantes da sétima arte
Por Carla Maio
Um podcast com episódios semanais, cheios de energia, empolgação e por quê não dizer, alopração. Nelson Simplício, Don Agenor e Rafael Foca apresentam Cinemalucos, um podcast de cinema que surgiu em julho de 2020 da vontade desses três amigos em utilizar as plataformas de áudio para propagar suas ideias e opiniões sobre diversos assuntos relacionados ao Cinema.
Em um bate-papo bem compromissado e irreverente, os apresentadores abordam os mais variados gêneros de filmes, dos mais antigos aos mais atuais, visando sempre colaborar na divulgação de projetos culturais da cidade de Guarulhos.
O trabalho de edição dos episódios, feito por Gui Andrade, prima pela organização dos apresentadores desde o momento de elaboração da pauta e realização das entrevistas. A vinheta, criada pelo antigo editor Weverton Teixeira, usa vozes de atores de grandes produções cinematográficas com locução anunciando o podcast.
“O meu trabalho é fazer o possível para que a conversa soe fluída e interessante para o ouvinte, independente dos problemas técnicos que uma gravação a distância e com equipamentos de baixo custo possa nos trazer”, explica Guilherme, observando que assim que o programa está bem cortado e tratado, ele adiciona a música de fundo. “Procuro utilizar um repertório que acho interessante e que seja adequado ao tema do episódio em si. É muito importante que os episódios tenham uma estética musical consistente para que o podcast mantenha sua identidade”, pontua.
A equipe do Cinemalucos conversou com a Guarulhos Cultural e revelou que o podcast nunca teve a intenção de atingir determinado público-alvo. “Os programas de diagnóstico que usamos para visualizar os acessos mostram que a maioria das pessoas são homens com idades entre 25 e 34 anos. Além de lançamentos e curiosidades, o Cinemalucos também oferece aos ouvintes cinéfilos conteúdos culturais da cidade, colaborando com a divulgação de eventos que estão rolando”, explica Don Agenor.
A equipe também está de ouvidos em pé para avaliar a aceitação do podcast pelo público. Em um balanço feito no final do ano passado, eles conseguiram mapear algumas mudanças que deveriam fazer com base nos episódios mais ouvidos e também, nos menos ouvidos. “Com base nisso, a gente avalia a sensação do público pelos acessos, mas também o engajamento por meio dos comentários deixados nas postagens feitas no Facebook e Instagram”. Para Don, a força de alguns amigos próximos também são indicativos da aceitação desse trabalho.
Alguns temas geram mais engajamento que outros, mas aqueles bate-papos com temas livres são os que mais chamam a atenção dos ouvintes. “Em um dos primeiros episódios que foi ao ar, falamos sobre a locação de filmes em Locadoras, a sensação que tínhamos de ir até o lugar, escolher o filme, assistir, rebobinar a fita, devolver, sensações que as gerações mais novas não vão ter”, conta. Para Don, os especiais feitos com diretores, atores e filmes de super-heróis também têm bastante aceitação pelo público.
Dentre os episódios, Don destaca Os Piores Filmes do Mundo como aquele que mais despertou a atenção dos ouvintes. “Esse episódio foi muito bom, muito engraçado, as pessoas comentaram muito, todo mundo tinha visto pelo menos um filme que achava ruim, deu uma repercussão muito legal e ainda contou com a participação do Thiago Fernandes, do Reserva Cinéfila”.
Podcasts a perder de vista
Desde pequeno, Don Agenor sempre foi muito ligado a programas de áudio sobre cinema, games e tecnologia, um formato que, a partir de 2006, passou a ser conhecido como podcast. Se no início o podcast ainda era um formato consumido em iPods e iPhones, hoje ele ganhou muitos adeptos em um sem números de programas, veiculados em diferentes agregadores, sobre os mais variados temas. De acordo com o Spotify, o número médio de ouvintes no mundo inteiro de podcast diários na plataforma, em um período de abril de 2017 a abril de 2018, teve um aumento de mais de 300%.
O episódio piloto de Cinemalucos é de julho de 2020. Don conta como surgiu a ideia de elaborar e o que os três amigos tinham em mente quando decidiram o que fazer e como fazer. “Tínhamos apenas a força de vontade de fazer e foi assim que conseguimos aprender como montar as pautas, subir os episódios nas plataformas, a ideia foi mesmo tentar para ver como ia ficar e o primeiro episódio ficou tão ruim que sequer foi ao ar”, conta brincando. Tutorais, dicas de amigos, um verdadeiro mergulho para entender como montar e organizar os episódios foram essenciais para que a coisa começasse a funcionar. “Feito é melhor que perfeito. Desde que começamos, mudamos o formato do podcast. Antes, cada um escolhia um filme e cada um falava determinado tempo sobre ele. Para reduzir o tempo, decidimos falar de um único filme e os três fazem suas considerações”, explica Don.
Inspirado na inventividade de podcasts como Nowload (videogames), MRG Matando Robôs Gigantes (quadrinhos, cinema e jogos), Cinema com Rapadura (podcast feito no estado do Ceará), Don conta que encontra nesses programas a motivação para continuar.
A partir de um levantamento mensal dos temas que a equipe deseja aprofundar nos podcasts, eles elaboram um planejamento, que pode sofrer alterações ou adequações conforme as necessidades. “Os programas não têm um apresentador fixo, cada um faz uma chamada e escolhe o filme sobre o qual vamos conversar”. Don explica que a programação com filmes clássicos, trash, lançamentos e conversas descontraídas são, às vezes, entrecortadas com novidades que, no mundo do cinema, sempre surgem de última hora. “Somos maleáveis e confiamos uns nos outros, nas escolhas dos filmes e no que eles têm a nos dizer”, observa, enfatizando uma única condição: se não assistiu ainda, todo mundo tem que assistir ao filme para poder falar sobre ele. Errado não tá.
Cinema independente em Guarulhos
Rafael Foca e Nelson Simplício são membros dos coletivos Polissemia e Cineclube Incinerante. Em 2014, Nelson, Rafael e Don se conheceram na BIG (Bienal Internacional de Guarulhos do Pequeno Formato) do Coletivo 308, mediada pelo cineasta André Okuma. A partir daí, eles começaram a integrar o movimento da produção cinematográfica independente da cidade, participaram das ações embrionárias da Mostra Guarulhense de Cinema e se engajaram com os coletivos e fazedores.
Isso também motivou a realização do episódio #xxx, que tem como tema a Mostra Guarulhense de Cinema e contou com a participação do cineasta Renato Santos, de acordo com Don, episódio que alcançou bastante audiência e um meio de divulgação muito relevante para o Cinemalucos.
Se quando começaram a elaborar os episódios a expectativa era seguir como regra a idade dos filmes, que até então não podia passar dos anos 90, ficando relegado somente aos clássicos, a ideia caiu por terra quando eles perceberam que era possível fazer ambas as coisas, falar das grandes produções sem prescindir do cinema independente numa verdadeira mistura de temáticas e combinações.
“Nossa preocupação também é com a acessibilidade dos ouvintes aos filmes, não queremos fomentar a pirataria ou downloads ilegais, então, procuramos falar de filmes de fácil acesso, que estejam disponíveis na Netflix, YouTube ou Amazon Prime, porque assim as pessoas podem aceitar a dica, assistir e nos dar devolutivas do que acharam”.
Ao longo dos últimos 28 episódios elaborados, Don acredita que a equipe evoluiu muito como profissionais, mas sobretudo, como amigos. “O Nelson e o Rafael são as pessoas com as quais eu falo todos os dias, estamos mais unidos e quando eu revisito os episódios para ver o que podemos melhorar, percebo o quanto aprendemos a nos organizar, conduzir, preparar as pautas, introdução, evoluímos muito como apresentadores do podcast, e isso fica evidente quando convidamos alguém de fora, pois se antes falávamos muito, porque estávamos acostumados a falar muito, agora, ouvimos mais o convidado, estamos numa sintonia muito grande e muito afinados com as temáticas”, comemora Don, muito focado na periodicidade e no compromisso de garantir a entrega semanal do conteúdo.
Com o passar do tempo, essa melhoria alcançou também a parte técnica de transmissão do podcast e a equipe passou a contar com equipamentos e conexões de melhor qualidade em sua elaboração. Isso demonstra que pela força da curiosidade, pesquisa e colaboração, foi possível criar um conteúdo de grande qualidade e relevância para falar sobre cinema, o que faz do Cinemalucos o único podcast especializado em cinema em Guarulhos.
A equipe também se esbalda na ideia de realizar as gravações do Cinemalucos em um grande estúdio, olhos nos olhos uns com os outros. E como sonhar não faz mal a ninguém, vale muito a pena acreditar que sonhar junto tem grande potencial em tornar aquilo que é feito com dedicação em realidade.
A equipe do Cinemalucos
Don Agenor- https://www.instagram.com/don_florentino/
Crítico de cinema, designer gráfico e apresentador de podcast, Don Florentino é formado em sistemas de informação, formado no curso de formação cinematográfica de guarulhos, diretor de fotografia no curta metragem tiro no escuro, no documentário najas.doc e no curta a teoria dos parques..
Nelson Simplicio – https://www.instagram.com/abrace_a_entropia/
Educomunicador, ilustrador e membro-fundador do Cineclube Incinerante, Nelson Simplicio é roteirista e apresentador do Cinemalucos. Estudante de graduação em Licenciatura em Educomunicação na ECA-USP, atuando como oficineiro em projetos de cinema e comunicação comunitária. É também membro dos coletivos Kinoférico e Polissemia.
Gui Andrade – https://www.instagram.com/guiandrade.21/
Violonista, guitarrista, compositor e arranjador, Guilherme Andrade é quem faz as edições dos episódios. Gui estudou guitarra no Conservatório Municipal de Guarulhos e violão na EMESP Tom Jobim. Participou em diversos projetos na cidade como instrumentista, atuou como violonista e arranjador na Roda de Choro do Samuka do Conservatório de Guarulhos, e agora atua como violonista no Grupo Cedrus.
Rafael Foca – https://www.instagram.com/loureiroquinze/
Roteirista e apresentador do Cinemalucos, Rafael Foca é membro do coletivo Polissemia, com participação em algumas produções da cidade nas funções de ator, diretor, roteirista, assistente de direção e produção, com trajetória também no cineclube incenerante e nas primeiras edições da mostra guarulhense de cinema. Grande entusiasta do cinema de gosto questionavel, sempre em busca daqueles considerados os piores dos piores filmes já feitos, dentro do cinemalucos procura dar espaço para fil mes equivocados e o cinema muito popular, sua verdadeira paixão.
Para saber mais sobre o Cinemalucos, acesse as redes sociais:
Cinemalucos:
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