Pretoman fala de sua relação com as artes gráficas
Ele e o irmão, Márcio, são sócios na Ilusões Art e se dedicam a espalhar cores pelos quatro cantos de Guarulhos
Pinturas em muros, portas de aço, objetos cenográficos, bonecos em escala real, tecidos para peças teatrais. Os trabalhos gráficos dos irmãos Thiago Cardoso, conhecido como Pretoman, e Marcio Cardoso, sócios da empresa Ilusões Art, espalham cores por vários bairros de Guarulhos. Alguns desses trabalhos gráficos estão nos CEUs Parque São Miguel, Jardim Cumbica, Paraíso-Alvorada, Presidente Dutra, Ponte Alta, Vila São Rafael, Jd. Rosa de França e Bambi, e também em algumas escolas municipais como Crispiniano Soares, no Bom Clima, Walter Efigênio, no Parque São Miguel, e Tizuko Sakamoto, no Conjunto Marcos Freire, e em bairros como Cocaia, Itapegica e na Vila Prudente, em São Paulo.
A relação de Pretoman, de 38 anos, com o graffiti surgiu da necessidade de ajudar em casa. Ele nasceu no Rio de Janeiro, mas se lembra que mora em Guarulhos desde sempre. Cresceu no Itapegica e hoje mora na Vila Rio de Janeiro. Formado em designer gráfico pela FIG, Thiago é fã de quadrinhos desde criança, o que lhe valeu o apelido de Pretoman. “Foi o que me deu força na infância para lutar contra o racismo e a discriminação; com esse nome, eu me imaginava forte e com isso conseguia fazer mais, enfrentar melhor os desafios”.
O trabalho com o graffiti começou cedo, em 1998. Para ajudar financeiramente sua família, Thiago, o irmão e um amigo se uniram para encontrar trabalho juntos. “Era bem difícil na época, pois não havia muito incentivo. Sofríamos com essa desvalorização e pressão social, então, fui atrás de um trabalho considerado normal, trabalhei com muitas coisas, de carga de caminhão até design gráfico, mas sempre atuando em paralelo com minhas ilustrações e murais”. Logo, ele compreendeu que o graffiti não nasceu na faculdade e muito menos em um curso qualquer. “O aprendizado do graffiti vem da rua e com isso foi se formando uma cultura”.
Os desenhos animados e HQs fizeram com que Thiago gostasse muito de desenhar. Foi assim que ele, o irmão e o tal amigo tiveram a ideia de pintar uma loja de tintas. Com as paredes pintadas, o dono ofereceu espaço e incentivou a realização de um evento. “Em 1998, participei pela primeira vez da organização de um evento de graffiti. Já curtia muito rap, meus irmãos cantavam, admirava demais artistas na ‘Revista Graffiti”. Eu me encontrei no hip hop, sempre curti muito e me identifiquei com o graffiti por fazer parte da cultura hip hop”. Thiago também participou de alguns projetos, como EarParede e JaguarParede, além de contribuir com algumas ONGs que fazem trabalhos sociais na cidade.
Depois deste evento de graffiti, Thiago e Marcio começaram a pintar comércios e não pararam mais. Motivados com o grande potencial de suas criações gráficas, ele e o irmão montaram a Ilusões Art, onde realizam um trabalho com ilustrações em painéis. No trabalho comercial da Ilusões Art, Thiago e Márcio oferecem algo personalizado para cada cliente, entregando um trabalho único e autêntico. Dessa forma, os traços podem variar, pois dependem de cada tipo de desenho solicitado, realismo, cartoon ou abstrato.
“Como Pretoman transmito no meu trabalho a minha forma de ver as coisas. Busco o equilíbrio na instabilidade das linhas soltas, costumo dizer que não controlamos, mas conduzimos com o que lhe é oferecido ou adicionado e assim vivemos. Pensando assim, crio minhas ilustrações com linhas soltas para o lado esquerdo”.
Em relação à pichação, das grafias que surgem entre prédios e casas e são diferentes de região para região, Thiago observa um comportamento cultural de determinado grupo social. “Na real, estão pichando por diversos motivos, alguns lugares já são feios, com prédios abandonados e tal e, às vezes, o pixo não faz diferença. Seja pela adrenalina, aceitação de um grupo ou pelo gosto de desenvolver letras, eles se mantêm pichando porque a cultura do pixo já está ali, eles se encontram trocam letras, mandam cadernos, estudam lugares de dia, não existe uma raiva existe uma forma de liberdade nesses momentos”.
Satisfeito em ver que os anos de estudos estão sendo reconhecidos, Thiago também se alegra quando as pessoas gostam de imagens. “Mais legal ainda será quando elas entenderem que a arte é subjetiva, e assim temos vários conceitos e técnicas dentro de um mesmo estilo para ser compreendida”.
O sentimento de Thiago quando ele circula pela cidade e encontra seus graffitis é também de alegria. “É muito bom ver painéis feito com amigos, são momentos únicos eternizados não em uma foto que seria até mais simples de lembrar, mas sim em um desenho que tem manchas por certo motivo, um lado com a cor tal por conta de outra situação, a lembrança de ter conhecido uma pessoa naquele dia e assim vai. Hoje, o mais interessante e satisfatório é quando recebemos uma mensagem tipo eu ‘vi’.
Para saber mais sobre o Pretoman e o trabalho desenvolvido pela Ilusões Art, acesse o site https://www.ilusoesart.com.br/ e os perfis no Instagram: @ilusoesart, @pretoman e @bigzullu.
Thiago e seu irmão Marcio, mili duca nestes corres. Estudei com o Thiago na minha adolecência e vi de perto este seu talento e esforço pra fazer seus trampos. Lembro da pasta cheia de desenhos, onde ele conseguia vender alguns. Sempre envolvido nos corres e nos elementos do Hip Hop. Futebol, não ligava muito, mas basquete, cê loco, tava junto!!! 😂
Força sempre mano, sucesso!
Fica na paz, abrção!