Alunos da Escola Viva de Artes Cênicas se reúnem no Teatro Padre Bento
Encontro teste presencial retomou a parte técnica das danças abordadas com a turma de modo remoto, capoeira de Angola, coco de roda e batuque de umbigada
Alunos do módulo I da Escola Viva de Artes Cênicas participaram de encontro presencial teste na noite da última quarta-feira (20), no Teatro Padre Bento, no Jardim Tranquilidade. As aulas desse módulo tiveram início em agosto, e acontecem de forma online até o mês de dezembro.
Iniciativa da Secretaria de Cultura para a oferta de atividades para a prática artística, a Escola Viva de Artes Cênicas fomenta a pesquisa e criação em artes cênicas, com cursos de circo, dança e teatro que privilegiam a experimentação artística em processos colaborativos.
Além de permitir que professor e participantes se conhecessem pessoalmente, o encontro teste retomou a parte técnica das danças abordadas com a turma de modo remoto, capoeira de Angola, coco de roda e batuque de umbigada, momento para que os alunos pudessem tirar dúvidas, rever os passos, jogar juntos e interagir, sem deixar de seguir os protocolos de segurança contra a Covid-19.
“As danças brasileiras são parte de uma cultura agregadora que aproxima as pessoas, forma conjuntos e viabiliza a pesquisa artística. É muito interessante quando a Escola Viva lança um olhar para essa cultura popular tradicional e evita que ela caia no esquecimento. Por isso, trazer para a grade danças como o batuque de umbigada, que é uma dança paulista de cidades da região do Médio Tietê como Piracicaba, Laranjal, Capivari, nos aproxima dessa origem cultural”, comenta o professor Duda Moreno.
A partir da perspectiva de formação populacional do município, que de acordo com dados do Censo do IBGE de 2010, Guarulhos é a segunda maior cidade do Estado de São Paulo em número de migrantes nordestinos, Duda explica que as aulas somam outras questões ligadas à dança brasileira, debates que primam pela difusão e manutenção de uma cultura originária do guarulhense e que objetivam promover um diálogo direto com o munícipe.
“Para além do entretenimento, uma das funções da arte é a formação intelectual. Quando um aluno estabelece uma relação pessoal com sua vida e dá significado e sentido ao convívio social em sua casa, com sua família usando os elementos dessa arte, já valeu”, comemora o jovem professor.
Além das aulas de dança sobre Brasilidades E Espacialidades com o professor Duda Moreno, o curso da Escola Viva vem abordando ao longo do módulo I Técnicas Acrobáticas, com Dyego Yamaguishi, Canto e Expressividade, com Paula Ibañes, Improvisação, com Luah Guimarães e Corpo, com Rafael Markhez.
Interação e presença
Luta, dança, jogo. O que era para ser uma aula de dança comum ganhou ares de singularidade, já que os alunos puderam fazer algo que não faziam há muito tempo, interagir, trocar olhares, aprender uns com os outros e trazer para a prática em grupo algo que há cerca de dois meses experimentavam sozinhos em casa.
Radiante e satisfeita com o curso, Fabriciana Espigato, empreendedora de 48 anos e moradora da Vila Rosália, conta que sempre teve vontade de fazer teatro e, muito embora não tivesse experiência alguma, decidiu ir atrás desse sonho. “Só se vive uma vez, por isso me inscrevi, todo mundo devia fazer um curso de arte, se libertar do convencional e começar a enxergar as coisas de outra maneira e isso passa pela valorização de si mesmo”.
Dico de Brito é dançarino, tem 28 anos e mora na Vila Palmira. Ele veio para a aula vibrando, eufórico com a oportunidade de encontrar os colegas de turma. “Acho que todos nós precisávamos desse contato físico, claro, com todos os cuidados e delicadeza que o momento exige, mas o fato de estarmos todos aqui, olhando nos olhos uns dos outros, já é um grande alívio e esperança”, explica o jovem.
No jogo com a parceira de capoeira, Benícia Pendeza, de 34 anos, moradora do Lavras, demonstrou bastante segurança e habilidade. E não era para menos, já que ela é instrutora de capoeira e pratica essa expressão cultural há 20 anos. Ela conta que tem aproveitado o curso da Escola Viva como oportunidade de adquirir novos conhecimentos.
“Essa aula é a minha vida e eu já tenho o hábito de ajudar as pessoas, sou acolhedora. Para mim, esse contato com o circo, o teatro e a dança tem sido maravilhoso, inédito”, explica. Benícia é deficiente auditiva e tem compartilhado rica experiência com os demais colegas durante as aulas online.
Marcos Amaral é servidor responsável pela Divisão Administrativa de Formação Cultural e vem acompanhando as turmas da Escola Viva desde a seleção. “É muito emocionante poder fazer essa aula presencial, o encontro dessas pessoas que, até então, se conheciam somente de forma online”. Enquanto a pandemia é uma realidade, a ideia é que os alunos cumpram todo o módulo I nesse formato online, mas sem perder essa base de formação a partir da experiência, reflexão, diálogo e interação entre as diferentes linguagens que compõem o curso.