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Núcleo Toada apresenta Pagu, anjo incorruptível no teatro do Sesc Guarulhos

Espetáculo integra a programação do projeto Diversos 22 em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna

Vida e obra da escritora Patrícia Galvão são os motes de “Pagu, anjo incorruptível”, espetáculo do Núcleo Toada que acontece no próximo sábado, dia 19, às 20h, e domingo, dia 20, às 18h, no teatro do Sesc Guarulhos. Os ingressos custam R$20 (credencial plena e meia) e R$40 (inteira) e estarão disponíveis a partir desta terça-feira, 15, às 14h, no site https://www.sescsp.org.br/unidades/guarulhos/, e para venda presencial a partir das 17h do dia 16, nas bilheterias da rede Sesc.

A peça cruza realidades no tempo e no espaço, traz fatos biográficos, traz canções, depoimentos e notícias atuais de jornal para tentar enxergar através dos olhos moles de Pagu e refletir sobre o que é ser mulher hoje, sobre feminino, sobre feminismo. São 100 anos que separam essas duas Patrícias e que nos separam da Semana de Arte Moderna de 1922. E nesse vão de um século, surge uma pergunta: o que de fato mudou?

A programação faz parte do projeto Diversos 22 do Sesc São Paulo, que traz para a pauta as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo (1922) e do bicentenário da Independência do país (1822). Saiba mais em diversos22.sescsp.org.br.

Pagu – Anjo Incorruptível

Foto: Rayra Martins

O espetáculo musical sobrepõe camadas narrativas ficcionais e teatro documentário, a partir de fragmentos da vida e obra da jornalista, escritora e ativista Patrícia Galvão (1910-1962), conhecida como Pagu. A trama, estrelada por Lilian de Lima, que também canta e assina a dramaturgia e direção, traz para a cena a história ficcional, mas tão real e possível, de outra Patrícia: uma moradora da periferia de São Paulo nos dias de hoje. Duas mulheres, duas Patrícias separadas pelo vão de um século, trazem à tona uma pergunta: em cem anos, o que de fato mudou? O espetáculo estreou em 2018 e fez turnê em várias cidades brasileiras. Lilian de Lima é atriz, cantora, dramaturga, diretora e preparadora vocal. Fundadora do Núcleo Toada, também faz parte do grupo paulistano Cia. Do Tijolo, entre outros.

Pagu

Patrícia Rehder Galvão – Pagu, viveu de 1910 a 1962. Foi jornalista, escritora e ilustradora. Se destacou durante o movimento Modernista iniciado em 1922, apesar de não ter participado da Semana de Arte Moderna daquele ano. Adepta do movimento antropofágico, se aproximou do casal Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, com quem se casou posteriormente.

Os dois passaram a militar no Partido Comunista em 1930. Neste período, Pagu participou ativamente de uma greve de estivadores na cidade de Santos, onde foi presa pela polícia de Vargas, tornando-se a primeira presa política da história do Brasil.

Em 1933 publicou, sob o pseudônimo de Mara Lobo, o romance Parque Industrial, que foi considerado o primeiro romance proletário da literatura brasileira. Ela partiu logo após em viagem para a Europa e outros locais do mundo como repórter. Na França, passou a frequentar alguns cursos na Sorbonne e, em 1935, filiou-se ao Partido Comunista Francês. Foi pega pela polícia francesa com documentos falsos, o que lhe garantiu mais uma prisão. Foi liberada após intervenção do embaixador brasileiro Souza Dantas junto ao governo francês.

Pagu foi uma notória militante comunista. Entrevistou Sigmund Freud e participou da coroação do último imperador chinês, Pu-Yi, de quem obteve as primeiras sementes de soja que foram trazidas ao Brasil. Ao voltar ao país, separou-se de Oswald de Andrade, com quem tinha um filho, Rudá de Andrade. Retomou a atividade jornalística, sendo presa novamente pelas forças repressivas do Estado Novo, ficando cinco anos na prisão. Por sua militância política, Pagu foi presa 23 vezes.

Desligou-se do PCB em 1940, aproximando-se do trotskismo. Colaborou na revista Vanguarda Socialista, da qual fizeram parte Mário Pedrosa e o jornalista Geraldo Ferraz, que iria se tornar seu segundo marido e pai de seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz. Passou a viver em Santos, onde se dedicou também às artes cênicas.

O Sesc Guarulhos fica na Rua Guilherme Lino dos Santos, 1200 – Jardim Flor do Campo.

Foto da capa: Carlene Cavalcante

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