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Canadense homenageia Guarulhos em álbum inspirado em experiências do contato com pessoas, língua, culinária e viagens

Back to Brasil, escrito com S como os brasileiros escrevem o nome do país no lugar do habitual Z em inglês, é a forma que Mick encontrou para demonstrar apreço pelo português

As vivências, contato com pessoas, culinária e experiências em cidades brasileiras como Guarulhos, São Paulo, Rio de Janeiro e Petrópolis encheram o imaginário do músico canadense Mick Dougall, que transbordou toda a sua afeição pelo país em Back to Brasil, full lenght com 7 faixas, disponível em todas as plataformas de streaming. Back to Brasil, segundo álbum da carreira do compositor, possui canções que combinam a língua inglesa com o português, cantadas com força e ao mesmo tempo delicadeza. 

Back to Brasil. É isso aí, escrito com S como os brasileiros escrevem o nome do país no lugar do habitual Z em inglês, é a forma que Mick encontrou para demonstrar apreço pelo português. “Estou muito orgulhoso desse trabalho, são as melhores músicas que escrevi em minha vida”. Ele conta que começou a escrever uma música sobre Petrópolis, outra cidade que visitou. “Fizemos o tour pelo Palácio Imperial e vi a coisa mais incrível: o primeiro modelo de um piano já feito, fiquei tão impressionado que quis tocá-lo, mas o guarda disse não, não”, disse Mick se divertindo.

Alguns músicos e amigos se juntaram à banda no Back to Brasil, Jamie Dean, engenheiro de gravação, guitarras, percussão e vocais, Darryl James, baixo, guitarras e vocais, Mark Swan, bateria e percussão, Jesse Nestor, lap steel guitar, guitarras, e Hélinho Castelhano, guitarrista brasileiro que gravou sua parte no Studio 438, em São Paulo, e mandou para Jamie mixar no Canadá.

Fortemente influenciado pela música country e rock’n’roll, a principal inspiração para Mick foi Neil Young. Ele lembrou que na quarta série, seu professor ensinou os alunos a cantar Heart of Gold. Sobre a polêmica em torno da música de Neil Young removida do Spotify como um protesto contra a desinformação do COVID-19 adotada no podcast de Joe Rogan, Mick lembrou que Neil Young sempre foi uma voz forte e poderosa protestando contra o racismo e a opressão do governo.

“Neil Young tem várias músicas sobre tais temas e eu quero apoiar sua causa e saudá-lo por defender o que acredita. A capacidade de protestar e fazer algum tipo de diferença me faz sentir esperança pelo mundo, há oportunidades para realmente dizer o que se pensa. No momento, no Canadá, os canadenses realmente querem falar com o governo, mas o governo não está ouvindo. Fazendo o que fez, Neil Young dá às pessoas a esperança de que talvez elas possam ser ouvidas”.

Extensão da mão de Deus

Mick é uma pessoa profundamente espiritual e muito intuitiva. Ele acredita que há muita energia positiva no Brasil. Ele escreveu a música Guarulhos há três anos, gravou e enviou para Sonia Guandalini, uma amiga brasileira que mora em Guarulhos, e ela se apaixonou pela música. Uma noite, ela estava tomando uma taça de vinho e, como também é violonista, decidiu fazer uma música própria. Ela nunca tinha escrito uma música antes.

“Quando ouvi pela primeira vez a música da Sonia, que se chama Você, eu simplesmente chorei. Ela cantou em português e mesmo sem entender uma única palavra, caí em prantos porque era realmente linda. Depois disso, ela traduziu a música para mim e eu aprendi a tocá-la e me senti como se tivesse nascido de novo em um arco-íris de amor conectando o Canadá ao Brasil”.

No Brasil, Mick quer fazer o que todos os músicos querem, abrir portas. ”Sonia é uma caçadora de sonhos, ela está me empurrando, me apoiando e me ajudando a encontrar o caminho do meu sonho que era tocar em um grande palco. Quero tocar a música Rock in Rio no Rock in Rio Festival. Quando eu escrevi eu estava tentando imitar uma das minhas bandas favoritas, que eram os Beach Boys”.

Take me Home foi a primeira música que ele escreveu sobre o Brasil, a primeira vez que foi a Bertioga, a primeira vez que entrou no mar e dirigiu um carro na Rodovia 101, Rio-Santos. “Quando uma música chega até mim, é como um relâmpago, não demorei mais de cinco minutos para escrever nenhuma dessas músicas, é como se as palavras já estivessem escritas e eu fosse apenas uma extensão da mão de Deus”.

Don’t even know, como muitas músicas, veio de seus sonhos. Um dia, enquanto dirigia seu carro em Ontário, ele sonhou acordado com o Brasil. “Estava estacionado em uma parada olhando e não tinha ideia de onde estava, não conseguia lembrar para onde estava indo e isso motivou a primeira linha da música ‘I don’t even know where I am,  I’m driving now in the fog heights’”.

Guarulhos: uma segunda casa

Mick conheceu Sonia em um casamento em Londres-Ontário em 2019. Eles se tornaram bons amigos e ela o convidou para vir ao Brasil. Vários meses depois, ele desembarcava no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

“Quando desci do avião, vi palmeiras pela primeira vez. Eu nunca senti o clima quente antes. Eu vivi no frio no Canadá por 50 anos da minha vida, nunca estive na Flórida, em nenhum lugar quente. Aquele dia estava uns 40º Celsius. As árvores, a vida vegetal, e então eu vejo alguns cachorros, você nunca vê cachorros nas ruas no Canadá. Para mim tudo parecia muito livre, o Brasil estava aberto para mim e eu estava aberto como uma flor. Apaixonei-me imediatamente pela cultura e pelas pessoas que conheci, até a oficial de fronteira na alfândega do aeroporto, em vez de me interrogar, ela olhou para o meu passaporte por alguns segundos, olhou para o meu rosto e carimbou o passaporte sorrindo : bem vindo ao Brasil, e eu disse: Sim! Aqui estou. Trouxe minhas guitarras, todos os meus equipamentos porque quero tocar minha música para quem quiser ouvir”.

Mick não podia acreditar no tamanho de São Paulo. Isso torna Toronto, a maior cidade do Canadá, pequena em comparação com ela. Ele passou algumas semanas em São Paulo e achou a cidade muito bonita, principalmente à noite. Depois foi ao Rio de Janeiro e viu o Corcovado, a água colorida, as árvores e o céu azul, muitas coisas que nunca tinha visto na vida. “Vindo de São Paulo para o Aeroporto Santos Dumont vi a estátua de Jesus Cristo. Sou muito espiritual e estar no Corcovado foi uma experiência incrível”.

Mick está se acostumando a dizer que Guarulhos é sua segunda casa e quer transformá-la na primeira. “Todas as noites eu olho para esta janela e vejo todas as belas luzes. Durante o dia vejo em todos os telhados o verde e as árvores e os sons de uma grande cidade”.

Eu quero ser um Rockstar

Touro no zodíaco, Mick Dougall é muito calmo. Seu espírito também é muito amoroso, gentil e generoso, e isso se reflete em sua música. Ele nasceu em Orillia, uma pequena cidade na província de Ontário, no Canadá. Aos 5 anos, sua família mudou-se para Londres – Ontário, onde ele foi introduzido à música, à paixão pela música.

“Eu ficava na cama acordado ouvindo minha mãe e meu pai tocando música, minha mãe no piano e meu pai no violão, eles sempre cantavam juntos. Comecei a cantar com minha mãe enquanto ela tocava piano. Eu toquei com o violão do meu pai até os 15 anos”. Aos 16 anos, no colegial, Mick conheceu um amigo chamado Nick Cash, e um dia ele perguntou o que ele ia fazer depois da aula. Nick Cash disse que estava participando de uma audição musical para tocar seu violão na assembleia de Natal da escola.

“Então, eu fui à audição e ele tocou uma das minhas músicas favoritas, Heart of Gold, de Neil Young, e eu pensei: ‘Oh meu Deus, meu pai tem uma guitarra, eu vou ser um rockstar agora, é isso! Eu nunca voltei atrás na música. A partir desse momento, comecei a ler poesia, escrever poemas, aprendi alguns acordes e senti que a maior motivação do mundo vinha dos meus amigos. Em poucas semanas eu estava tocando minhas próprias músicas, estava tão motivado para tocar guitarra que acabei fazendo acontecer”.

Mick recebeu todo o apoio de seus pais que simplesmente adoraram a ideia de ter mais um músico na família. “No Natal, minha mãe colocou muitos presentes debaixo da árvore, acessórios para violão, porta gaita, cordas de violão, tablaturas, eles me apoiaram, vieram aos meus shows, eles adoraram que eu estivesse tocando música. Quando eles faleceram, escrevi músicas para os dois. Devo toda a minha paixão pela música à minha mãe e ao meu pai”.

Ele está fazendo um trabalho muito bom tentando aprender português e pensando em cada pequeno progresso que está fazendo com o idioma. “Às vezes é difícil e confuso, quando percebo que não consigo traduzir o inglês para o português. Para fazer o português funcionar, não posso pensar em palavras em inglês enquanto estou falando porque as pessoas não estão entendendo o que estou dizendo, acho que estou dizendo as palavras certas, mas quando você as conecta, há um maneira diferente de dizer”.

Sobre as grandes experiências culturais que Mick já teve no Brasil, ele destacou o show de Aline Rissuto no belo teatro do Sesc Guarulhos. “Ouvir uma maravilhosa pianista brasileira cantando sua própria música em português me inspirou a continuar compondo nessa língua incrível”.

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