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ACING, presente!

Formada por artistas ligados ao audiovisual da cidade, Associação de Cinematografia Independente de Guarulhos marca presença na VII Conferência Municipal de Cultura 

Por Janaina Reis 

A VII Conferência Municipal de Cultura de Guarulhos, que aconteceu no último dia 27 de novembro, no Salão de Artes do Adamastor, reuniu artistas de diversas linguagens. À parte de qualquer observação sobre o esvaziamento da mesma, nos cabe refletir sobre as causas desse fenômeno e não apenas apontá-lo em palavras também vazias. 

A existência de uma conferência de cultura neste momento da história já é, por si só, uma vitória, e devemos lembrar que, em um passado não tão longínquo, não tínhamos sequer uma Secretaria de Cultura em Guarulhos, tampouco um conselho de cultura capaz de organizar uma conferência. 

Quero chamar atenção aqui para nossas conquistas. No que pese o momento sombrio em que vivemos, é necessário observar com otimismo a volta da Secretaria de Cultura, a aprovação do Plano Municipal de Cultura e manutenção e funcionamento dos Conselhos e do Funcultura, além dos inúmeros embates que travamos e a rica cena cultural independente que mantemos funcionando, com ou sem incentivo público. Evidentemente, problemas ainda existem e sempre existirão. O que não pode haver é a imobilização, ou como diz a música  “eu não vou sucumbir“. Resistência é isso, a parte de todos os problemas, não vamos sucumbir. 

Os problemas que atingiram a VII Conferência Municipal de Cultura estão como fantasmas na cidade há alguns anos. A comunicação não funciona ou não funcionam na comunicação? Eis a questão! As informações precisam ser exatas, simples e de fácil acesso e compreensão, sem isso não vamos avançar, mas também precisamos trabalhar para que isso aconteça multiplicando o nosso saber entre os nossos. 

O atual Conselho de Cultura falhou na comunicação, a Prefeitura falhou na comunicação e isso ajudou no esvaziamento. A Prefeitura também falhou na pessoa do Secretário de Cultura, que fez seu discurso matinal e foi embora, ele que em tese deveria ser uma das partes mais interessadas nessa Conferência, afinal, é a apresentação do balanço da sua gestão na pasta em relação ao Plano Municipal de Cultura, e é também seu lugar de escuta para as demandas da sociedade civil. 

Mas, “Jesus não se manteve entre nós”. Outra questão controversa é a figura do diretor de departamento de atividades culturais, que por vezes demonstrou desconhecimento sobre o que acontece na cultura da cidade, além de interromper falas de mulheres que estavam com a vez e voz na plenária. O mesmo diretor, soubemos depois, desrespeitou a soberania da plenária ao negar a proposta de uma moção de apoio aos trabalhadores da PROGUARU, feita pelo produtor cultural Franklin Jones, alegando não querer misturar os assuntos e virar ato político. Desrespeita a soberania da plenária, pois ao receber a proposta, quem deveria decidir é a plenária e não ele, demonstrando, mais uma vez, desconhecer a intrínseca relação e importância desses trabalhadores para a cultura da cidade, haja vista que é comum encontrarmos com eles quando usamos os espaços públicos da cidade, prestando o serviço de zeladoria. Sem mencionar, o óbvio, a própria conferência é um ato político.  Por todos os ângulos essa postura foi desastrosa, e o mais grave, feriu a democracia do processo. Dado o benefício da dúvida, questionamos, isso foi desconhecimento das regras do jogo ou autoritarismo? 

Estivemos presentes na conferência enquanto associação e também enquanto artistas e ativistas culturais. Desde o início, entendendo a defasagem de comunicação do poder público, organizamos listas de transmissão, publicações e discussões entre os nossos associados e público em geral, da importância de marcar presença na conferência e de quais as regras que a regem.   Nos colocamos nos debates a fim de defender a cultura de modo geral.  

Evidente que existem demandas específicas de nossa linguagem, o audiovisual, as quais debatemos como setor e pelas quais passa uma demanda comum às demais linguagens: o prédio da antiga câmara de vereadores na Praça Getúlio Vargas. Destinado a ser um centro cultural, abrigando uma sala de projeção e estúdio de áudio e vídeo, reformado com verba federal para esse fim, indicado na lei do Plano Municipal de Cultura como espaço para abrigar todas as linguagens, hoje está ocupado pela Guarda Civil Municipal. 

Em defesa da criação desse centro cultural, organizamos abaixo assinado contra a entrega do prédio e o descumprimento do que é previsto no documento. Esse abaixo assinado circulou pela internet e alcançou diversas pessoas, coletivos e movimentos interessados na defesa na campanha “Sem Arte a Praça Não tem Graça”. A ACING, fez a entrega do referido abaixo assinado e exigiu na plenária final que o prédio retorne para a cultura cumprindo o previsto no plano municipal de cultura,  exigência essa aprovada pelos presentes, e o referido abaixo assinado anexado à documentação da conferência. Destaque para a leitura do Manifesto ACING durante a discussão na sala de audiovisual, documento que foi anexado ao relatório final da conferência, e  para a eleição dos cineastas  Rubens Cardoso e Janaina Reis para o próximo mandato do Conselho de Política Cultural, na cadeira de audiovisual. Agora, representados dentro do Conselho, estaremos ainda mais presentes nas lutas culturais da cidade. 

ACING é um caminho que se faz no coletivo. Entendemos nosso papel e nossa força na luta por políticas culturais e também nossa responsabilidade em manter vivos espaços de discussão como esses, mesmo diante de todas as dificuldades que se apresentam. Ousar lutar, ousar vencer!

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