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Animo Festas – Uma não crítica

Em outubro, mais exatamente nos dias 22, 23 e 24, o Sesc Guarulhos recebeu o espetáculo “Animo Festas”, monólogo de palhaçaria para adultos. À convite da Guarulhos Cultural, fui assistir a esse espetáculo que resultou agora em uma “não-crítica” ao sentimento de riso através da melancolia do palhaço Klaus.

Por André Bizorão

Quando eu falo sobre palhaçaria, me sinto nesse tal de “lugar de fala”. É uma linguagem vasta, cheia de possibilidades e nuances, que talvez eu nunca vá dominar nem pela metade… Mas há quase vinte anos, eu pesquiso e vivencio o nariz vermelho e quais são os efeitos que ele pode gerar em nós e ao entrar em contato com a plateia.

Dito isso, assistir ao “Animo Festas” me fez pensar na urgência de sermos subversivos, questionadores e algumas vezes, até grosseiros… Não com a intenção de sair agredindo as pessoas pela rua, mas sim, decapitando ideias antigas, ultrapassadas e que continuam a ser praticadas com uma rotina absurdamente perturbadora através de discursos hipócritas e moralistas.

O Palhaço Klaus é a materialização dos incômodos que todo portador do nariz vermelho já sentiu, inclusive os que nunca animaram festas (eu já passei por essa tortura). Sua intenção inicial é a das melhores e vê-lo mandando às favas os seus mestres é o primeiro momento catártico, pois o processo de descoberta do seu clown é como um parto, envolto de dor e choro com o dom sublime da vida, a gente se sente destruído e reconstruído continuamente e, nunca pára! Alguns chamariam o Klaus de bufão; eu prefiro dizer que ele é apenas o lado da palhaçaria que a gente escolhe reprimir.

O espetáculo é construído com a reconstituição de festas que marcaram a vida deste Palhaço, sempre sem altos e com muito baixos, ele vai nos contando sua relação com os familiares e o aniversariante fazendo questão de evidenciar as funções sociais postas nesse tipo de “mercado” em que o palhaço é o produto e/ou serviço “comprado” para satisfazer aos egoísmos de ambos: os pais que querem se livrar dos filhos e os filhos que tentam se livrar do palhaço tirando a única coisa que lhe sobra: a vida!

Eu ri muito, ri alto e tive a liberdade de expurgar algumas gramas do sentimento amargo que a pandemia implantou em nós, me senti representado em muitos momentos e em tantos outros, o exagero da situação apenas deu palco ao imaginário do meu palhaço que ao som de “Ne me Quitte Pas” escuta a constante pergunta feita no espetáculo: “Palhaço, você é feliz?”.

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