Cinema que me Representa: Teko Haxy- Ser Imperfeita
Documentário com roteiro e direção de Patrícia Ferreira Para Yxapy e Sophia Pinheiro revela o encontro de duas mulheres e suas histórias
Por Fernanda Carvalho
Teko Haxy- Ser Imperfeita (Brasil, 2018, Goiás, 39 min, 10 anos) é um documentário com roteiro e direção de Patrícia Ferreira Para Yxapy e Sophia Pinheiro que revela o encontro de duas mulheres e suas histórias: Patrícia, mulher indígena do povo Mbyá- Guarani, e Sophia, antropóloga que estuda a vida e os costumes dos povos indígenas.
A narrativa nos conduz a documentação da vida de Patrícia, mas que por muitas vezes se assemelha a história da vida de Sophia.
A fotografia nos leva em uma narrativa de imagens que traduz a sensação de imperfeição trazida pelas duas mulheres, em uma escolha pontual da direção que vai discutindo durante a obra essa temática. São dois mundos distintos, dois olhares sobre o que é ser perfeito e através de diálogos vamos aprendendo sobre as mulheres e o olhar de cada uma sobre a vida e é assim que suas histórias se encontram.
Com movimentos autênticos, a câmera nos coloca na ação vivenciando as paisagens bucólicas em meio a questões existenciais que surgem em uma fala de Patrícia, ao demonstrar sua indignação e a sua dor de mulher indigena em um mundo tomado pela colonização de homens brancos e suas imposições.
Um ponto positivo nesta obra é a maneira que foi captada a sonoplastia, pois os sons dos espaços foram gravados com as ações das entrevistadas e isso traz tanta verdade à obra e também reflete a importância da vida que vai acontecendo no aqui agora durante as filmagens.
Teki Haxy- Ser Imperfeita é para além de um documentário que fala sobre os povos indígenas, mas um trabalho que fala da mulher, dos anseios e angústias da mulher e isso nos envolve em emoções e reconhecimentos durante o filme.
Temos aqui uma obra que nos aproxima e distancia ao mesmo tempo em que leva em conta a experiência do público, mas que não esquece a que veio e deixa sua mensagem em seus 39 minutos de vídeo, o entrelaçamento da estética junto com as escolhas de materiais, somam uma escolha muito feliz.
Mostrar a profundidade da dor do colonizado diante ao colonizador e o que esse movimento causou nos indígenas, além do processo de racismo e roubo enfrentado por eles, precisam aprender a lidar com as burocracias imposta pelo sistema dos brancos, vivendo na pele com essas inquietações diárias, mas seguindo com a fé de que Nhanderu (DEUS) quis assim acalma o coração de Patrícia e traz esperança para Sophia, a maneira cuidadosa que as duas escolheram para documentar essa história é importante e pertinente para a luta dos povos originários, não podemos esquecer que somos moradores de uma terra Ameríndia e que 500 anos nós silenciamos em meio ao genocidio deles, por tanto esse é um filme de uma frágil resistência em um movimento de resiliência humana de Sophia para com Patrícia.
Assista: https://www.itauculturalplay.com.br