Mad Rodrigues tem poesias destacadas na 5ª edição da antologia poética Pau Brasil
O poeta guarulhense Mad Rodrigues teve quatro de suas poesias destacadas na 5ª edição da Antologia Poética Pau Brasil, organizada por Antonio Cabral Filho. A publicação, lançada virtualmente neste mês de abril, conta com poemas de 26 poetas de diferentes estados brasileiros.
A Antologia Poética Pau Brasil tem como objetivo ressaltar a estética libertária lançada por Oswald de Andrade nos idos de 1928, resgatada pelos movimentos vanguardistas subsequentes, como marginalia, art-correio, poema processo, poema concreto, entre outros. Para ler os poemas da 5ª edição da Antologia Poética Pau Brasil, acesse: https://pt.calameo.com/read/001893073a04f06d9c2d6
Escritor e poeta de longa caminhada, Mad sempre escreveu pensando que suas poesias seriam musicadas; era ele quem escrevia as letras da banda Primórdios Mesclados. Como poeta, conta que nunca foi publicado, um sonho e aprendizagem sem tamanho, tal qual abrir um show do Tom Zé na cidade.
A notícia de que seus poemas haviam sido selecionados para a quinta edição da antologia veio numa mistura de surpresa e choro: “Eu estava na empresa quando recebi o e-mail, bati na mesa e gritei: é isso! E veio as lágrimas, sou chorão, sensação de ter um ato solitário sendo eternizado”, conta Mad.
A observação como método de criação
“Negando além do olhar”, “Em você que sou eu”, “Apito Final” e “Este Ser” foram escritas em 2019, inspiradas em observações diárias, de exposições, fotos, músicas (sim, Mad observa música), de algo que está lendo e/ou sentido.
“Apito Final, por exemplo, fala de depressão e suicídio, estados com os quais teve o dissabor de lidar: “escrever sobre isso funciona como terapia, as poesias expressam o que estou vendo ou o que vejo as outras pessoas também vendo”.
Da observação de pessoas em seus celulares ou de mão vazias, negando tudo a seu redor, o Sol ou Lua, uma árvore florescer, um sorriso, uma roupa legal, uma mulher ou homem bonito em seus caminhos surgiu “Negando além do olhar”.
“A poesia nasceu de um rolê que não fazia há muito tempo, andar de ônibus com um livro debaixo do braço, claro. Como bom observador (sou formado em auditoria de processos, tenho olhos de lince) percebi tudo que está escrito no percurso de casa até chegar ao trabalho, um trecho de 1h30 de ônibus ou 40 minutos de bike. Fui anotando pontos chaves, trechos pré prontos, depois fui lapidando com mensagens subliminares e coisas que estava lendo por aqueles dias”.
Guarulhense nascido e apaixonado pelo Haroldo Veloso, Mad Rodrigues tem 7 anos, a mesma idade de seu filho: “Minha contagem é essa agora, ele me faz ter a idade dele”, brinca. Rato de exposições e shows, vive intensamente a cena cultural da cidade. Há cerca de três anos, faz pequenos papeis em produções de coletivos audiovisuais da cidade. Mad mora sozinho, tem um espaço para escrever, para seus discos, livros e ensaios do IR AO AR Escritos Etílicos.
Poeta visual, curioso sobre todas as linguagens e completamente atraído por pessoas no ato de escrever, Mad experimenta o deleite de mandar recados para agitar os outros, ao mesmo tempo em que agita a si mesmo. “Tudo me motiva, tudo é motivo para escrever ou descrever. Quando migrei para a poesia, isso ficou ainda mais evidente: é fácil se manifestar. O governo atual me motiva a não motivá-lo, não me agrega em nada como cidadão do mundo, mas me impulsiona a escrever, escrever e escrever sobre o retrocesso que se instala, e assunto cai pelas bordas. Eu fico feliz quando bebo cerveja, quando vejo meu filho crescer, quando um escrito se acaba bem, e de estar vivo (já pensei o contrário) dar essa entrevista me deixa bem feliz”.
IR AO AR Escritos Etílicos
IR AO AR Escritos Etílicos é o segundo filho de Mad Rodrigues. Longe dos palcos por quase 10 anos, depois que Primórdios Mesclados “acabaram” (ele conta que pretende um dia retomar), Mad sofreu muito com a distância da vida artística. “Escrevia e guardava meus escritos. O casamento se foi e eu voltei para o lugar de onde nunca devia ter saído”. Num primeiro momento, Mad e o percursionista Valmir Quinto começaram a juntar os escritos com a percussão, sem cantar e sim recitar: “De cara, percebemos que tinha algo ali. Outro cara importante nesse processo, Cristiano Modesto, o Grandão, fez mais de 10 bases de guitarra e sampler. Juntamos os três e outra liga se formou. O Grandão nos apresentou o Alex Buike e por afinidade musical achei o Tiago Magrello”.
Depois de muitos ajustes e ensaios, IR AO AR Escritos Etílicos passou a se apresentar em saraus, faculdades e barres, ao lado de bandas de rock (eles fizeram a abertura para o Wander Wildner e banda Garnize na Bally Bagus Out, e participaram do evento em comemoração ao Dia Mundial do Rock, organizado pela Associação Cultural Rock Guarulhos, no Adamastor, em julho de 2018 . Com uma receptividade bem bacana e performance forte para defender seus versos, IR AO AR Escritos Etílicos se apresenta em trio, com teclados e samples ao invés das guitarras, o que, na opinião de Mad, deixou tudo ainda mais louco. “Estamos nos ajustando diariamente. Nunca jamais iremos parar de melhorar”.
Na leitura das obras deste poeta maior cresce o sentimento visualizando a sua criação. Por entre a motivação, a sensibilidade proporciona uma indubitável visão na sua escrita, e Max Rodrigues não mede esforços para incrementar o seu celeiro literário. Cada vez mais, temos inspirações veementes nas suas obras.
@macedoangelo
No texto acima errei feio no nome do autor. Desculpe Mad Rodrigues!