Transmutar a morte em fabulações que rasgam a fronteira do fim: é uma tecnologia ancestral transmitida de geração em geração pelos povos africanos que, escravizados, fizeram a travessia do Atlântico. No dia 19 de novembro, domingo, às 18h, o teatro do Sesc Guarulhos apresenta Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos, com a Companhia de Teatro Heliópolis Os ingressos custam R$40 (inteira), R$20 (meia) e R$12 (credencial plena) e podem ser adquiridos no site ou nas bilheterias das unidades do Sesc.
A Companhia de Teatro Heliópolis bebeu na força e na leveza desse saber para criar o espetáculo Cárcere ou o porque as mulheres viram búfalos, invocando Iansã, Rainha Oyá, deusa guerreira dos ventos, das tempestades e do fogo, para enfrentar a estrutura do encarceramento em massa que flagela a população negra brasileira.
Ao confrontar formas míticas e épicas em sua crítica social apurada, a peça apresenta as irmãs Maria Dos Prazeres e Maria Das Dores, que têm a vida marcada pelo encarceramento dos homens da família: primeiro, o pai; depois, o companheiro da primeira; e por último o filho da segunda, Gabriel.
Todas as personagens buscam estratégias de sobrevivência para lidar com as disputas micropolíticas dentro e fora do presídio, forjando futuros aparentemente impensáveis no rastro dos ciclos de opressão. Gabriel, por exemplo, sonha em ser desenhista. Nas sutilezas imensas, no tecido exímio da música, da dança e da dramaturgia, o teatro nos ensina que resistir e sonhar podem ser análogos um ao outro.
O Sesc Guarulhos fica na Rua Guilherme Lino dos Santos, 1200 – Jardim Flor do Campo, Guarulhos – SP.
Encenação: Miguel Rocha
Assistência de direção: Davi Guimarães
Dramaturgia: Dione Carlos
Elenco: Antônio Valdevino, Dalma Régia, Danyel Freitas, Davi Guimarães, Isabelle Rocha, Jefferson Matias, Jucimara Canteiro, Priscila Modesto e Walmir Bess
Direção musical: Renato Navarro
Assistência de direção musical: César Martini
Interpretação musical: Alisson Amador (percussão), Amanda Abá (violoncelo), Denise Oliveira (violino) e Jennifer Cardoso (viola)
Cenografia: Eliseu Weide
Iluminação: Miguel Rocha e Toninho Rodrigues
Figurino: Samara Costa
Assistência de figurino: Clara Njambela
Costureira: Yaisa Bispo
Operação de som: Lucas Bressanin
Duração: 120′