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CríticaOpinião

Cinema que me Representa: Human

Com paisagens de tirar o fôlego, filme de Yann Arthus- Bertrand provoca tempo para reflexão sobre a vida e aborda sentimentos humanos como amor, dor, felicidade e tristeza

Por Fernanda Carvalho

O documentário Human (França, 2015, 3h10 min, 12 anos), de Yann Arthus- Bertrand, é um filme que  discorre sobre o que é Humano. Com paisagens de tirar o fôlego, conhecemos mais sobre os sentimentos humanos, o amor, a dor, a felicidade e a tristeza.

Além de levantar várias questões sobre as relações humanas, seu roteiro revela muitos personagens e suas histórias. São diversos pontos de vista sobre o mesmo assunto e isso promove em nós reflexões profundas durante a obra. Com uma fotografia que amplia as relações de igualdade e empatia com os entrevistados, o filme também conta com a natureza provocando no público um tempo para reflexão sobre a vida. 

As histórias das personagens também ajudam a contar uma pequena parte da história mundial, as guerras e questões políticas também permeiam os humanos. Em muitos momentos, um nó vem à garganta das personagens e de nós são momentos de nos questionarmos sobre o lugar das escolhas e como esse lugar possibilita que uma vida mude seu trajeto de uma hora para outra. Então nos surgem novas perguntas: quem define o momento da mudança? São as ações humanas? São encontros e desencontros entre as personagens? Todas essas perguntas vão surgindo e nos ajudando a construir o questionamento principal: o que é ser humano? Quais as fragilidades e potências nos tornam quem somos e permite que sejamos percebidos como humanos?

Durante as três horas e dez minutos de filmagem muitas coisas passam por nossas cabeças e chamam nossa atenção. Porém, existem pontos importantes a serem abordados aqui, como os idiomas das personagens, a maneira como a narrativa de imagens é construída junto às vozes, os tons e sensações que as falas trazem à ação do filme e a transformam em uma música, em uma combinação de ritmo e harmonia, criando cenas e relações amorosas em que assiste. 

Outros pontos de destaque também são a sonoplastia e a trilha sonora, cada uma apresentando a que veio, e ao mesmo tempo à serviço da cena, despertando aproximações e distanciamentos com as histórias, lugares e pessoas estabelecendo conexões profundas com a cultura humana.

O Humano tem o poder de mudar sua própria realidade? Nós seríamos incapazes de criar um ser tão complexo e incrível como os seres humanos? Essas questões apareceram diante da diversidade apresentada no filme e da profunda capacidade que o humano tem de se reinventar e buscar maneiras de mudar sua realidade e demonstrar a fragilidade de suas emoções e sentimentos.

Muito bem pensados, os cortes compõem de maneira primorosa todo o contexto, o que faz com que a obra mexa com a gente. A montagem de imagens trazidas na edição estabelecem diversas ligações de quem fala, o que fala, o narrador humano de sua própria existência, em um filme que teve mais de duas mil pessoas envolvidas, passou por 65 países e entrevistou 110 pessoas. Como resultado, temos um filme sobre o enfrentamento de narrativas, contradições das personagens e as buscas de cada uma delas para serem aceitas pelos seus e pelo mundo.

Assista: https://youtu.be/-Ap1qI-3nhg

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