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Em entrevista, escritora guarulhense compartilha como a escrita e a literatura a ajudaram a superar desafios emocionais

Projeto aprovado por edital da Lei Paulo Gustavo tem como foco o lançamento de O Caos em Mim, obra de ficção de Edilaine Soares

Proporcionar aos leitores uma experiência vivida a respeito da depressão, tema contemporâneo que encontra na literatura meio terapêutico para superação dos desafios emocionais, com o propósito de auxiliá-los a lidar com tal processo. Essa é uma das abordagens da obra O Caos em Mim, romance da escritora guarulhense Edilaine Soares, parte do projeto Dando Voz às Palavras, aprovado pelo edital de Demais Áreas Culturais da Lei Paulo Gustavo, por meio do Fundo Municipal de Cultura de Guarulhos (FunCultura).

A futura obra, atualmente em processo de produção, está programada para ser lançada no segundo semestre na Biblioteca Monteiro Lobato, um local de convergência para amantes da literatura em Guarulhos. Durante entrevista concedida à Guarulhos Cultural, Edilaine Soares compartilha suas expectativas em relação ao lançamento, abordando a concepção do projeto, seus desdobramentos e a perspectiva de promover discussões construtivas sobre o tema em espaços públicos da cidade.

Nascida e residente em Guarulhos, Edilaine é graduada em processos gerenciais e possui MBA em gestão pública. Eleita conselheira municipal de política cultural em Guarulhos, ela procura desempenhar um papel ativo na promoção e fortalecimento da cultura literária local. Como participante ativa do grupo MCLME – Movimento Cultural e Literário Mulheres Escritoras, que busca dar visibilidade às mulheres escritoras do município, Edilaine se destaca por seu comprometimento. Além disso, seu trabalho na criação de conteúdo visa cultivar novos leitores e apoiar autores independentes. Simultaneamente, dedica-se ao desenvolvimento de seus projetos literários em andamento.

Como se deu o processo de descobrir-se como escritora?

Desde os meus 14 anos, exerço a paixão pela escrita, e esse amor culminou no lançamento de meu primeiro livro, Amores Impossíveis, em agosto de 2021, pela prestigiosa Editora Viseu. Embora desafiada pela pandemia, consegui realizar um evento de lançamento presencial em julho de 2022, durante a 26ª Bienal Internacional de São Paulo. Este momento foi muito marcante e proporcionou-me a oportunidade de compartilhar a obra com um público diversificado, abrindo importante espaço no cenário literário. Em agosto de 2022, tive a honra de participar da 2ª Bienal do Livro de Guarulhos, onde tive a oportunidade de compartilhar minha paixão pela literatura com o público.

Qual a relação dessa descoberta com o novo projeto?

Desde a juventude, nutro o desejo de conceber um projeto que estimule a leitura nas comunidades. Embora tenha crescido com um profundo amor pelos livros, enfrentei desafios significativos ao tentar acessá-los durante toda a infância e adolescência. A experiência frustrante de ansiar pela leitura sem ter essa oportunidade levou-me a uma reflexão profunda sobre como poderia contribuir de maneira significativa para melhorar o acesso à leitura em minha comunidade.

Você fala de uma jornada em direção a destinos inexplorados, de onde emergem escritores que infundem vida e alma nas páginas dos livros. O que nutre sua vontade de escrever?

Para mim, a escrita é uma expressão profunda de emoções e experiências, uma forma íntima de compartilhar o que sinto e vivencio. A literatura vai além de palavras no papel; ela é um meio de traduzir sentimentos em narrativas que ecoam tanto na alma quanto na mente do leitor. Ao mergulhar na prática da leitura, descubro a arte de sonhar, refletir e viajar por mundos sem sair do lugar.

Ao ser envolvida por essa atmosfera enriquecedora, sinto a necessidade de contribuir para esse universo, dando vida às minhas próprias palavras, construindo enredos envolventes e desenvolvendo personagens que ganham vida nas mentes dos leitores. A minha maneira de me expressar visa não apenas compartilhar experiências, mas também transmitir algo positivo que extrai das vivências, proporcionando aos leitores uma jornada enriquecedora e inspiradora.

Como surgiu a ideia do projeto, que combina a publicação de obra literária com discussões a respeito do tema Depressão?

O projeto nasceu de minha experiência pessoal com a depressão, que se entrelaçou com o desejo de promover a leitura. Isso deu origem ao projeto Dando Voz às Palavras, e desde a sua concepção, me debrucei sobre extensas pesquisas, o que me deixou cada vez mais consciente da importância deste tema contemporâneo, e estou certa de que trará benefícios significativos à comunidade.

O título do novo livro, O Caos em Mim, é bastante intrigante. Do que fala a obra?

A narrativa do livro gira em torno de Selma, uma mulher proveniente da periferia da metrópole paulista. Filha de pais separados, ela reside com a mãe e enfrentou, desde cedo, desafios significativos para conquistar uma educação, um emprego e um lugar na sociedade. Contudo, o destino foi implacável e ela se viu acometida pela depressão. A personagem mergulha em uma jornada de autodescoberta e aceitação da situação em que se encontra, uma realidade que jamais imaginou enfrentar. Selma enfrenta altos e baixos e, eventualmente, encontra na literatura uma forma de lidar com a situação e, quem sabe, no futuro, auxiliar outras pessoas a enfrentar essa mesma adversidade.

Aspecto presente no projeto Dando Voz às Palavras, de que modo você busca fomentar o hábito da leitura de jovens e adultos em situação de vulnerabilidade?

O projeto busca compartilhar histórias que ecoem com a realidade e inspirem a superação, oferecer esperança e resiliência. É através da valorização da literatura local e do engajamento com uma temática urgente que o projeto desempenha papel transformador na vida de jovens e adultos da periferia, contribuindo para um futuro mais justo e emocionalmente saudável.

Quais informações você identificou em suas pesquisas sobre o aumento dos casos de depressão durante a pandemia?

A pandemia gerou um notável aumento nos casos de depressão, uma realidade preocupante. Diante desse cenário, o projeto adquire uma relevância ainda maior ao conectar o acesso à cultura através dos livros a um tema contemporâneo de extrema importância. A literatura, com sua essência terapêutica, torna-se uma aliada fundamental na jornada de superação da depressão. Ela auxilia os participantes a encontrar conforto, identificação e direcionamentos para lidar com essa difícil situação.

O que podemos esperar no pós-lançamento de O Caos em Mim?

Existe um forte anseio por expandir a leitura e promover o diálogo literário em diversas regiões da cidade. Por essa razão, após o lançamento, vou levar o projeto a espaços educacionais em Guarulhos, como os CEUs, Cemear, Parque Júlio Fracalanza e Adamastor, buscando assim ampliar o alcance e impacto nas comunidades locais.

Quais suas expectativas em relação à circulação da temática por regiões descentralizadas?

Minha expectativa é criar uma consciência sobre a importância do tema da depressão, combatendo o preconceito ainda presente e promovendo um entendimento mais profundo. Muitas pessoas podem estar passando por essa condição sem compreender totalmente o que estão enfrentando. Desejo conscientizar sobre a necessidade de buscar ajuda e proporcionar às pessoas a oportunidade de se identificarem com a história do livro, oferecendo um suporte emocional valioso. Além disso, pretendo destacar o poder terapêutico da literatura e como ela pode desempenhar um papel significativo nesse processo. Ao compartilhar histórias que abordam a depressão, espero contribuir para a compreensão do impacto emocional desse desafio e incentivar as pessoas a buscar a literatura como uma ferramenta de auxílio. Ao criar espaços de diálogo literário e disponibilizar acesso a narrativas envolventes e terapeuticamente relevantes, o projeto não apenas cultiva o hábito da leitura, mas também oferece uma fonte de esperança e resiliência para aqueles que mais necessitam. Além disso, a iniciativa está atenta à inclusão social, buscando maneiras de atender ao público de pessoas com deficiências.

Qual será a dinâmica dos encontros e rodas de conversa nos espaços públicos da cidade?

A dinâmica será direta e acolhedora. Pretendo compartilhar minha trajetória como escritora, expressar meu amor pela leitura e abordar o processo de enfrentar a depressão, destacando como a escrita foi uma ferramenta fundamental nessa jornada. Durante esses momentos, estarei sempre aberta para que as pessoas presentes também possam compartilhar suas histórias, proporcionando um ambiente inclusivo e de apoio mútuo.

Adicionalmente, estamos implementando ações para garantir a participação ativa de pessoas com deficiências, visando proporcionar a elas uma experiência plena e acolhedora. A inclusão de intérpretes de Libras e a disponibilização de audiobooks são medidas que buscam tornar a literatura e as rodas de leitura acessíveis a todos. Essas iniciativas contribuirão para a construção de uma comunidade mais inclusiva e culturalmente enriquecedora. Com esses esforços, esperamos criar um ambiente em que todas as pessoas se sintam à vontade para compartilhar suas vozes e experiências, independentemente de suas habilidades ou desafios.

Fotos: Regiane Galha @regianegalhafotografia

Um comentário sobre “Em entrevista, escritora guarulhense compartilha como a escrita e a literatura a ajudaram a superar desafios emocionais

  • Estou ansiosa para ler esse livro, tenho certeza que irá ajudar muitas pessoas.

    Parabéns pelo trabalho.

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