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Estudantes de escola pública de Guarulhos debatem violências contra adolescentes e crianças durante espetáculo teatral

Pedra no Lago, espetáculo encenado por alunos de teatro do projeto Cultura na Comunidade, trouxe cenas inquietantes para abordar temas como abandono de incapaz, violência sexual contra crianças e adolescentes, dentre outras negligências

A Escola Estadual Profª. Maria Angélica Soave, no Jardim Nova Taboão, foi palco da apresentação teatral “Pedra no Lago – acerca de infâncias roubadas”, espetáculo encenado por alunos de teatro do projeto Cultura na Comunidade que aconteceu na última quinta-feira (15). Iniciativa da Trupe Ortaética e da Hamburgada do Bem, o espetáculo é parte das ações do Maio Laranja, campanha nacional de prevenção e combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, celebrado no dia 18 de maio.

Com direção de Tiago Ortaet, o espetáculo trouxe  diferentes recortes de histórias reais sobre negligências na proteção à infância, abordando desde a falta de leitos para gestantes no sistema público de saúde às minúcias da educação familiar, e tratando de forma delicada temas como abandono de incapaz, abuso sexual contra crianças e adolescentes, dentre outras violências.

Ao longo do espetáculo, o público composto por estudantes do ensino médio e convidados reagiu à história de diversas formas, ora demonstrando perplexidade ora envolvimento pessoal com algumas das cenas inquietantes e situações escancaradas. 

“Essa peça me tocou de diversas formas, desde o abuso sofrido por garotas até uma parte em que lembrei de meu pai, que quando jovem teve muitas desavenças com minha avó, e não recebeu o amor dela por isso, ainda assim, hoje, minha avó reconheceu o erro do passado, e dá muito amor para mim e meus irmãos. Minha avó também foi vítima de meu avô, que batia muito nela, e essa parte do espetáculo, que aborda a mulher sendo agredida pelo marido, me deixou muito mal, mas eu sei que a arte tem essa função, de mostrar essas situações para as pessoas refletirem e entenderem que elas precisam ajudar e não fazer parte dessa engrenagem que perpetua as violências”, disse L.G.M. C. F, de 17 anos, aluna do 3º ano.

Além de exaltar o protagonismo da juventude na luta por direitos e no debate sobre violências que crianças e adolescentes enfrentam diariamente, o bate-papo entre os atores e o público ao final do espetáculo encontrou diferentes pontos de vista e mostrou o envolvimento do público com a temática.

“Eu fiquei desesperada quando uma mulher sentada na minha frente gritou que a bolsa havia estourado, eu acreditei mesmo que ela estava em trabalho de parto, mas ninguém veio ajudar, então, percebi que era parte do teatro”, disse Ana Clara Rodrigues, 36.

O empenho do elenco em cada detalhe também foi aspecto observado pelo público, fruto da dedicação e construção coletiva. “Eu decoro rápido a minha parte, mas isso varia de pessoa para pessoa, mesmo assim eu ainda dependo que os outros atores saibam seu texto para que eu possa encaixar o meu”, explicou o ator Luke Rodrigues em resposta a uma das alunas que questionou quanto tempo os atores levavam para decorar suas falas.

A direção artística e o roteiro do espetáculo não passaram despercebidos pelo público jovem. “Eu gostei muito do modo como vocês abordaram esse tema, não de forma bruta e grotesca, mas com bastante empatia na atuação, por isso dá para perceber que o texto foi muito bem escrito e o grupo bem dirigido”, parabenizou J.A.F.J, 17, aluno do 3º ano, interessado no processo de criação e pesquisas realizadas pelo coletivo.

Pedra no Lago – acerca de infâncias roubadas é um espetáculo fomentado pela Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e conta com patrocínio do Grupo Boticário, da Poliedro Educação e da Concentrix.

Para mais informações, siga os perfis do projeto pelas redes sociais @hamburgadadobem e @trupeortaetica.

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