fbpx
Notícias

Novo projeto da Cia do Caminho Velho traz vídeo-encenações e lançamento de livro com contos dramatúrgicos

Coletivo realiza sua primeira criação feita diretamente para o vídeo com direção de Carolina Erschfeld e a partir de quatro contos-dramatúrgicos presentes no livro “Sou Fogo” de Alex Araújo.

Instalado desde 2007 nas dependências da Universidade Federal de São Paulo, no bairro dos Pimentas, o grupo de teatro Cia do Caminho Velho voltará a estar on-line a partir do dia 26 de maio. E desta vez com um projeto integralmente pensado como vídeo-teatro por conta do distanciamento físico.  

Até então, na pandemia, o coletivo havia realizado apenas adaptações online de peças que foram criadas para o palco presencial, como foi o caso de: “Tradução: Bonita” e “Licantropia Sintético”. Essa nova incursão no mundo online trará os contos dramatúrgicos: “Ela na casa”, “Ela na calçada”, “Ela cozinhando na cabeça” e “Ela escondida em seu próprio quarto”. Todos dirigidos pela atriz e diretora Carolina Erschfeld.

Carolina, que em 2013 integrou o Centro de Pesquisas Teatrais – CPT/SESC e foi auxiliar de direção de Antunes Filho na peça Nossa Cidade, assume neste projeto a função de diretora da companhia da qual é fundadora. Nesta empreitada ela usa também de sua experiência como atriz e cenógrafa do grupo para dar materialidade aos quatro contos. Em conjunto com as atrizes Daiane Sousa, Fabiana Barbosa e Leticia Sampaio e também estendendo a parceria que o coletivo vem tendo desde o início da pandemia com o cineasta André Okuma a também com a cineasta Reiko Otake.

Para a diretora “A câmera para mim é uma oportunidade também de um tipo de troca. O sujeito do outro lado da câmera está sempre no futuro em comparação com o teatro, arte do agora, e não sabemos de que futuro ele é. E talvez aí resida uma qualidade, a de nossa experiência alcançar um futuro imprevisto. Apesar de não podermos sentir o respirar, ver o olho brilhar… podemos sim sentir o alimento-vida que vem da tela de algum tempo que não o do agora.”

Daí a importância que o coletivo vê na parceria que vem acontecendo com Reiko e André, recém premiados com o curta “Nuvem Baixa” que vem integrando festivais pelo brasil e no mundo.  O olhar e a feitura desses dois artistas vêm permitindo traduzir a palavra dramatúrgica na imagem polifônica e poética que é natural do cinema e da videoarte.

Além das vídeo-encenações este projeto conta também com o lançamento do livro “Sou Fogo”. O qual conta com seis contos, todos inéditos. Neles o autor experimenta o que ele vem chamando de contos para serem lidos em voz alta. E no caso deste livro todos possuem em comum como tema aquilo que Alex Araújo chama de “resiliência descomunal como arma do indivíduo simbólico”.

O livro possui como figuras centrais mulheres que são chamadas por “ela”. Cada conto traz uma ela completamente diferente em suas experiencias vividas. Para o autor o indivíduo em questão, ela, é simbólico. E simbólico porque representa a luta de todas as mulheres.

O livro “fala sobre a capacidade que as mulheres tem de permanecerem vivas. Sobre uma resiliência que é antes de tudo um elemento inseparável da própria vida. Como a graminha que nasce em meio ao concreto da calçada. Não a resiliência de um olhar romântico e conformado da vida. E sim a resiliência como arma de combate. “Sou fogo” é sobre a mulher que se percebe fogo ao se dar conta da força de sua resiliência.”

Segundo Carolina Erschfeld o que o público entrará em contato com essas vídeo-encenações não é um filme,  nem uma peça de teatro. “Ainda temos muito a descobrir nesse processo, com a possibilidade de criação de um teatro online, aqui chamado de vídeo-encenações, um cinema que quer ser teatro ou um teatro que quer ser cinema, algo que padece de uma falta assumidamente.”

Ainda, segundo a diretora, “Algo dessa atmosfera pesada do que estamos vivendo está nos textos que compõem esse livro e nas vídeo-encenações: essa revolta que sentimos, a sensação de enclausuramento, as dificuldades com relação ao nosso próprio corpo… A impressão que tenho é a de que se abre uma latrina e sai de lá um jorro (tão forte!) de ódios que estavam sempre ali, no subterrâneo. Mas no meio desse jorro ou ao final dele, encontramos momentos inesperados de doçura, leveza… liberdade. São esses momentos que me fazem crer valer a pena fazer jorrar, para que haja de certa forma uma limpeza do que pesa.”

O livro “Sou fogo” será distribuído de maneira impressa em instituições educacionais e culturais da cidade. O coletivo também o disponibilizará, em formato de e-book, nas transmissões das vídeo-encenações.

Sinopse

ELA NA CASA. Completamente só, trancada dentro de uma casa minúscula. ela se sente presa dentro de seu próprio corpo. Seu filho foi assassinado e os assassinos estão entocados prontos para atear fogo em sua casa e em seu corpo.

ELA NA CALÇADA. Uma moradora de rua está sentada no meio fio em frente a uma loja. A proprietária do estabelecimento quer enxotá-la. Enquanto isso ela só consegue pensar no amontoado de britas que juntou na calçada.  

ELA COZINHANDO NA CABEÇA. Ela cozinha a si própria em sua cabeça. Ela sente o calor aumentando dentro de seu corpo e se fortalece ao sentir prazer completamente sozinha.

ELA ESCONDIDA EM SEU PRÓPRIO QUARTO. uma mulher vive uma angústia enorme em presenciar o assassinato de milhares de pessoas pela ação ou falta de ação de um líder. 

Ficha técnica:

Direção geral: Carolina Erschfeld

Atrizes: Daiane Sousa, Fabiana Barbosa e Letícia Sampaio

Dramaturgia: Alex Araújo

Direção de vídeo: André Okuma e Reiko Otake

Produção: Edilson Walney

Serviço:

QUARTA 26/05 – 20h – ELA NA CASA

QUINTA – 27/05 – 20h – ELA NA CALÇADA

SEXTA 28/05 – 20h – ELA COZINHANDO NA CABEÇA

SÁBADO 29/05 – 20h – ELA ESCONDIDA EM SEU PRÓPRIO QUARTO e após apresentação Conversa no Zoom com equipe

DOMINGO 30/05 – 14h e 18h – MARATONA (ELA NA CASA, ELA NA CALÇADA, ELA COZINHANDO NA CABEÇA e ELA ESCONDIDA EM SEU PRÓPRIO QUARTO

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Skip to content