VII Conferência Municipal de Cultura reúne sociedade civil e poder público no Adamastor
Agentes culturais, instituições e autoridades participaram de evento no último sábado; além de painéis temáticos, encontro debateu o Plano Municipal de Cultura
No último sábado (27), Guarulhos realizou a VII Conferência Municipal de Cultura, no Salão de Artes do Adamastor. O dia foi de debate, levantamento de pautas sobre as ações culturais, questionamentos sobre a execução do Plano Municipal de Cultura (PMC), eleição dos conselheiros, orçamento, Lei Aldir Blanc e a avaliação do impacto da pandemia na gestão cultural do município.
A abertura do evento contou com as participações de produtores, agentes culturais, artistas, usuários de equipamentos de cultura da cidade, instituições, além das presenças de autoridades, dentre elas o vice-prefeito e secretário de Cultura, Professor Jesus, o subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães, o diretor de eventos culturais, Cesar Samsoniuk, e o presidente do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), Marcelo Mendonça.
O evento da VII Conferência Municipal de Cultura também abrigou a eleição das cadeiras do CMPC nas áreas de Artes visuais, artes cênicas, audiovisual, associações não governamentais, cultura popular tradicional, literatura, hip-hop, música e patrimônio histórico. Marcelo Mendonça, presidente do CMPC, chamou a atenção dos participantes sobre a importância do CMPC e do papel dos conselheiros, no que diz respeito à atuação da sociedade civil junto ao poder público.
“É necessário entender que tipo de conselho queremos, a função do conselho e da conferência, da mesa diretora do FunCultura. A principal atuação do conselho é a de fiscalizar as ações da gestão, e isso deve acontecer por meio da parceria entre a sociedade civil e o poder público. Por isso, é importante que não percamos a dimensão de que, caminhando juntos, podemos efetivamente construir políticas públicas eficazes”, refletiu Mendonça.
Dados da pasta
Sobre as ações da SC, relacionadas ao PMC, os dados apontaram avanços da gestão, no que diz respeito à implantação do Programa de Formação Cultural de Guarulhos, ampliação e aprimoramento do fomento às expressões artísticas e Pontos de Cultura e lançamento de novos editais em 2022.
“O encontro deste sábado é de grande importância para que possamos revisitar o Plano Municipal de Cultura à luz da relação de seus eixos e metas com as demandas práticas da cidade. É importante destacar que essa conferência integra um processo democrático, do qual fazem parte os conselhos, que nos une em apoio à Cultura e ao exercício da transparência das ações da pasta”, disse o Professor Jesus, destacando a importância da retomada das atividades culturais, grandemente impactadas pela pandemia”, enfatizou o secretário de Cultura, Professor Jesus.
No contexto de execução das metas do plano, é importante destacar as ações do Arquivo Histórico de Guarulhos, dentre elas exposições de seu acervo sobre patrimônio, criação de conteúdo audiovisual e podcast com a participação de artistas e pesquisadores e o registro de diversas narrativas, oficina de produção de documentário, aquisição de material para compor o acervo, publicação e atualização dos inventários dos bens tombados, entre outros.
Cultura e Migração
Sobre a importância das políticas migratórias, o subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães, pautou a VII Conferência com a importância da diversidade cultural trazida pelos migrantes e o fomento econômico que tais práticas trazem para a cidade. “Ter a política de migração no centro das discussões desse encontro nos permite pensar em políticas públicas para a Cultura com foco em todos os munícipes”, pontuou Guimarães.
Além de abordar temáticas do PMC, a conferência se debruçou sobre o subtema Cultura e Migração. Desde 2020, Guarulhos integra o projeto MigraCidades da Organização Internacional para as Migrações, uma agência da ONU, que conferiu à cidade premiação, fruto de boas práticas na governança de migração, com o Selo MigraCidades.
O painel Cultura e Migração, apresentado por Anderson Guimarães, contou ainda com palestra de Roque Patussi, coordenador do CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante.
A Secretaria de Igualdade Racial é responsável pela implantação da política de migração da cidade, resultado de ações para inserção dos migrantes e refugiados na comunidade local. A CAMI é parceira da Prefeitura de Guarulhos em diversas atividades para inclusão da população migrante.
Com relação à Cultura, Anderson Guimarães pontua a importância de se pensar políticas públicas destinadas a esse público, a partir de mapeamento realizado em Guarulhos. São mais de 2 mil haitianos na cidade, todos praticamente localizados no mesmo território, na região da Praça Oito de Dezembro. Já a segunda maior população em Guarulhos fora de seu país de origem são os bolivianos, com cerca de 30 a 35 mil pessoas vivendo na cidade (os dados são imprecisos).
“Nos últimos 10, 15 anos, observamos uma inversão da lógica migratória, que antes se concentrava na zona leste da capital e, nesse período, passou a ser mais intensa na região dos Pimentas, onde há inúmeras oficinas e comércios voltados para esse público. Nesse sentido, há uma janela de oportunidades para trabalhos e investimentos com Cultura nessa frente que precisam ser foco de nossa atenção”, explicou.
Com a proposta de pontuar a riqueza cultural e econômica da população migratória, o palestrante Roque Patussi trouxe aos participantes exemplo de dança boliviana, apresentada por mulheres vítimas de violência doméstica, durante edição da tradicional Feira Kantuta, na zona norte de São Paulo.
“Nessa representação, o pássaro simboliza o modo como essas mulheres podem voar e sair daquele ciclo de violência”. Em meio a tais manifestações culturais, o palestrante aponta ainda a variedade de comunidades que se reúnem nesta festividade, cada uma delas representada por bandeiras. “Na marcha dos imigrantes foram colocadas mais de 80 pequenas bandeiras para demonstrar que precisamos de um mundo mais unido e não dividido, para aliviar o sofrimento na unidade”, disse Patussi.
Plenária
Após os debates realizados nas salas temáticas, os representantes das linguagens artes visuais, artes cênicas, audiovisual, associações não governamentais, cultura popular tradicional, literatura, hip-hop, música e patrimônio histórico voltaram a se reunir no Salão de Artes para o encerramento da VII Conferência Municipal de Cultura.
Durante o compartilhamento das discussões, em que cada representante teve espaço de fala ao microfone para apontar os principais pontos discutidos nas salas temáticas, o encerramento destacou a atuação de cada uma das cadeiras, de modo a garantir a articulação entre as demandas da sociedade civil, organizadas em relatórios que serão encaminhados ao poder público, fazendo valer a atuação do CMPC e de seus conselheiros.
A plenária de encerramento também destacou os membros das cadeiras eleitos em votação para atuação no CMPC, órgão de caráter consultivo, deliberativo e normativo que, no âmbito da Prefeitura de Guarulhos, institucionaliza a relação entre a administração pública e os setores da sociedade civil vinculados à cultura.
A função primordial do CMPC é manter o elo entre o poder público e a sociedade civil, caracterizando-se como voz efetiva dos fazedores de cultura na interlocução com a pasta.
Os nomes dos eleitos para atuação no CMPC serão divulgados no Diário Oficial do município nos próximos dias.