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CríticaOpinião

Cinema que me Representa: Voltei!

Filme com roteiro e direção por Ary Rosa e Glenda Nicácio conta conta a história do Brasil de 2030, onde o país está sob o domínio de um regime chamado “Disparate”

Por Fernanda Carvalho

Voltei! (Brasil, 2021,  Bahia, 77 min, 14 anos) conta a história do Brasil de 2030, onde o país está sob o domínio de um regime chamado “Disparate”. A obra tem como estética a distopia, conhecemos três irmãs, Sabrina, professora de história, Alayr, delegada da cidade, e Fátima, cantora desaparecida há oito anos.

Todo o filme se passa dentro de uma casa, o país está sem energia, recebemos informações pelo texto e pelo rádio. As personagens interagem lembrando do passado, levantando pontos convergentes entre a ditadura de 64 e a ditadura desse Brasil de 2030. Em um determinado momento da trama, a irmã Fafá retorna, este movimento da palavra “Voltei” dito por ela dá nome ao drama.

Algumas coisas ficam confusas no roteiro como a questão de a mãe ser morta em 1970 na ditadura e a filha Sabrina, que naquela época era um bebê de colo atualmente tem menos de 60 anos. Outra coisa confusa é o excesso de músicas cantadas no filme, pois leva o espectador a um outro lugar ao ponto que se perde a ideia de distopia trazida no roteiro. A sensação é que a trama não está bem amarrada em relação ao texto. O regime Disparate está lá para justificar a história, mas me parece distante das personagens, não sei como foi construído o trabalho com o elenco; porém, não fica crível que elas vivam em uma distopia, mesmo as personagens falando o texto percebermos a insegurança das atrizes, olhares perdidos se misturam às falas inseguras, me parece que foi gravado em ensaio ou em cima de improviso.

Bem se vê que a direção tem domínio da linguagem do cinema, a fotografia é muito boa, o jogo dos cortes, a iluminação, a captação de áudio, as escolhas de figurinos e o vermelho que remete ao comunismo e à liberdade.

No texto, a frase “O Brasil Machuca” é uma tentativa de criar um jargão que funciona das primeiras vezes mas acaba se perdendo nas repetições.

Está aí Voltei!, em meios a todos os pontos a serem revistos no filme, o que é emblemático no trabalho é que em 2021 vivemos a distopia e que para a arte é difícil recriar ou representar a vida no Brasil hoje, pois a realidade já superou em muito qualquer ideia artística e que falar de momentos tão obscuro como estes é de fato uma missão quase impossível.

Assista: https://www.itauculturalplay.com.br/ 

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