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Coletivo Costura aborda violência contra as mulheres em novo curta

Entre Paredes é resultado de intenso trabalho de pesquisa em relação à violência instaurada pelo sistema patriarcado

O feminino depara com a violência, relacionando a mulher, a transexual e todo o sistema instaurado pelo patriarcado. Esses são os temas abordados pelo Coletivo Costura no curta-metragem Entre Paredes, filme dirigido pela atriz e diretora de teatro e cinema Fernanda Carvalho, monólogo conjunto com duas histórias disponível no canal do coletivo no YouTube. O curta é indicado para maiores de 12 anos.

Entre Paredes é resultado de intenso trabalho de pesquisa. A produção começou logo no início da pandemia, primando por um trabalho autoral que fez uso de recursos de aparelhos de celular sem deixar de lado o estreitamento de laços entre a produção e o elenco. Ao longo desse processo, encontros virtuais para elaboração de roteiro, ensaio e passagem do texto com as atrizes Pamy Rodrigues e Jullie Fiphina foram essenciais para que o coletivo pudesse alcançar o resultado desejado. Em seguida, o coletivo partiu para as gravações, realizadas de forma presencial durante dois dias

Com textos adaptados do dramaturgo Luiz Hirschmann, inicialmente uma obra para o teatro, Entre Paredes se transformou em roteiro cinematográfico por meio das sensíveis mãos da produção do Coletivo Costura. O filme narra a estória de duas mulheres, que acontecem em São Paulo, uma na capital e outra no município de Guarulhos. Isis (Pamy Rodrigues) é uma aspirante a cantora que revela suas próprias sombras. Greicy Kelly (Jullie Fiphina) é uma sonhadora que busca sempre se inspirar diante da vida.

Em busca da liberdade do seu ser, a essência feminina dessas duas mulheres encontra-se junto à natureza selvagem que habita as cidades. Nesse contexto, cada casa é um universo, um mundo e dentro delas guardam segredos, gritos, sangue, situações que fazem parte do cotidiano das grandes e pequenas cidades do Brasil.

“O primeiro texto, chamado Som, fala da violência física sofrida pela mulher, que adoece e é levada à loucura. O segundo, Arco íris, fala do assassinato de mulheres trans, narrado na ótica póstuma da mulher assassinada. Apesar de uma peça ficcional, o filme tem um olhar quase documental, como se as personagens realmente fossem mulheres reais, com realidades impostas”, observa Fernanda.

Segundo a cineasta, a importância dessa temática está na necessidade de se falar da violência contra as mulheres e promover a reflexão, revelando o modo como isso se dá em diferentes contextos. “Para nós, esse tema é muito caro, por vezes, somos extremamente desrespeitadas, tanto no ambiente de trabalho e nas relações pessoais quanto no ambiente familiar. Lutamos diariamente para conquistar nosso espaço de fala na sociedade, então, a abordagem buscou mostrar cenas de grande impacto, mas de forma poética”, enfatiza Fernanda, satisfeita com o resultado e representatividade alcançados pelo coletivo.

Sobre a personagem Greicy Kelly, a atriz Jullie Fiphina espera ter cumprido o objetivo de passar uma mensagem referente sua vida, luta e morte. “Trata-se de uma mulher jovem, vítima de assassinato logo em seu primeiro programa. Sua história choca muito mais por conta da imposição da sociedade do que por suas escolhas, por isso, espero que as pessoas reflitam e olhem a vida com mais humanidade, pois a violência é vivida por todas as mulheres, sejam elas cis, trans, negras, todas sofremos”.

O filme também aborda os números assustadores dessa violência e faz um alerta: em briga de marido e mulher se mete a colher. O Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas transexuais, com mais de 3700 caso de feminicídio no ano de 2019, em todo o país.

A atriz Pamy Rodrigues enfatiza a realidade diferente vivida pela personagem Isis, uma mulher de classe média-alta, que teve acesso aos estudos e proteção familiar. “Ela se envolve em um casamento, e como muitas mulheres, acreditava ter encontrado o príncipe encantado, mas é vítima de violência física pelo companheiro”, explica Pamy. A atriz observou que, para a construção da personagem, teve contato com inúmeras mulheres vítimas de violência doméstica. “É uma realidade mais comum do que podemos supor, o diálogo com essas mulheres revelou situações recorrentes, muitas vezes agravadas durante o casamento”.

Financiamento coletivo

Em tempo. Em fevereiro, o Coletivo Costura lançou uma vakinha para viabilizar o projeto Voz do Povo Preto, trabalho de pesquisa inspirado nos conflitos raciais americanos e que objetiva entrevistar cinco pessoas para abordar as relações de trabalho e racismo, construindo uma narrativa com histórias de luta e dedicação e evidenciando as possibilidades de homens e mulheres negros alcançarem destaque no mercado de trabalho.

O documentário adentra a vida de pessoas reais e discute a discriminação, racismo através da poesia de imagens e a dança. Para tanto, dá voz a homens e mulheres negros da cidade de Guarulhos e entorno, dando protagonismo a pessoas comuns, que carregam grandes histórias.

O financiamento coletivo tem meta modesta de R$5 mil e não há exigência de valor mínimo para doação. Para colaborar, acesse  https://www.vakinha.com.br/vaquinha/voz-do-povo-preto-fernanda-silva-carvalho

Sobre o Coletivo Costura

O Coletivo Costura é um grupo de jovens artistas que produzem conteúdo audiovisual com baixo orçamento, mas com muita qualidade. O coletivo foi formado em 2017, na SP Escola de Teatro, e conta com a participação de artistas de Guarulhos, pessoas muito talentosos e dispostos a ampliar a linguagem teatral, cinematográfica e artes plásticas.

Para saber mais sobre Coletivo Costura, acompanhe o trabalho nas redes sociais:

Instagram: @coletivocostura

Facebook:  https://www.facebook.com/Coletivo-Costura-1738042836498530

YouTube: https://youtube.com/channel/UCKktGj5n6wwtygLUdLJIYJA

Ficha Técnica (Entre Paredes)

Elenco: Pamy Rodrigues, Jullie Fiphina, San Oliver.

Narrações: Fernanda Carvalho, Rômulo Scarinni

Texto Original: Luiz Hirschmann

Adaptação: Fernanda Carvalho

Câmeras: Fernanda Carvalho, Bruno Sapino

Direção de Arte: Jacque Carvalho, Pamy Rodrigues

Figurinos: Jacque Carvalho e Fernanda Carvalho

Edição e montagem: Rômulo Scarinni

Direção geral: Fernanda Carvalho

Fotografia: Fernanda Carvalho, Bruno Sapino

Cenotécnico: Bruno Sapino

Sonoplastia: Rômulo Scarinni

Música: Thalia

Arte: Ítalo Soares

Divulgação: Cássio Racy

Motorista: César Augusto

Produção: Coletivo Costura

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