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CríticaOpinião

Cinema que me representa: As Hiper Mulheres

Filme dirigido por Akumã Kuikuro, Leonardo Sette e Carlos Fausto fala da aldeia Kuikuro de Ipatse, Parque indigena do Xingu, no Mato Grosso

O filme As Hiper Mulheres (Brasil, 2011, Pernambuco, 79 min, 10 anos) fala sobre a aldeia Kuikuro de Ipatse, Parque indigena do Xingu, no Mato Grosso. A história inicia com um ancião querendo saber do sobrinho se naquele ano terá uma festa, pois sua companheira, já velha, quer cantar e não sabe se ela estará viva no próximo ano. Então, todo o filme gira em torno do preparo desse festejo. As mulheres cantoras da aldeia se preparam fisicamente em vários ensaios para ensinar as outras mais jovens as canções, músicas tradicionais e desconhecidas da maioria.

A direção nos conduz para um além tempo, um espaço da ancestralidade, em que a oralidade é a ferramenta de troca de saber, aprendemos mais sobre o modo de vida, costumes e rituais, que só os habitantes da aldeia conhecem. 

Com um roteiro muito bem amarrado e uma câmera que assume o lugar do observador, o filme nos propicia um mergulho ao cotidiano dos povos originários do Brasil, em meio a belezas da natureza, onde descobrimos o sagrado guardado, na simplicidade do modo de vida em contraste com a riqueza da variedade cultural da aldeia.

O som é o fio condutor, um narrador a mais na obra, que está presente desde o trabalho de roçar a terra à grande festa e ao mesmo tempo, nos revela a fragilidade dos costumes se perderem sem ninguém mais aprender as canções. Pois a beleza do som nessa obra está em um compasso de tempo. A paciência dos mais velhos em ensinar e os mais jovens de aprender as canções, manter viva a sua cultura e tradição.

Um outro ponto importante é a sensibilidade da direção, que com propriedade trabalha a história dessas pessoas, com  responsabilidade e simplicidade, em um momento em que a PL490 tramita para tirar os direitos dos povos originários da terra, falar com leveza e amorosidade sobre os indígenas é de extrema importância. O filme, que foi lançado em 2011, se faz emergente em 2021, para que mais pessoas entendam o porquê a demarcação é necessária.

As Hiper Mulheres mostra a força da mulher, sem esteriótipos, é de uma beleza e suavidade sem igual, mas forte e poderoso, assim como as mulheres, o que é muito admirável na condução da direção desse trabalho é revelar essas mulheres como pertencentes e reconhecidas pela aldeia, é tão profundo e tocante se reconhecer em nossos ancestrais brasileiros, os que já viviam aqui sabia e conhecia o poder da mulher, os que resistem, ainda sabem e isso é memorável.

Assista: https://www.itauculturalplay.com.br/

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