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CríticaOpinião

Cinema que me Representa: O silêncio dos homens

Com uma fotografia sensível e uma coloração que gera tranquilidade no espectador, a direção de  Ian Leite e Luiza de Castro discute de forma harmoniosa a qualidade da fala e da comunicação do homem e como a violência e a masculinidade adoecida gera um desequilíbrio familiar, relacional e social

Por Fernanda Carvalho

O documentário O silêncio dos homens (Brasil, 2019, 60 min, livre) é uma iniciativa do Papodehomem, projeto que questiona o quanto os homens são afetados pelo machismo e a hegemonia de pensamento criado pelo sistema do patriarcado.

O filme inicia com uma fala sensível de um dos entrevistados que, ao saber que vai ser pai pela primeira vez, se questiona sobre o pai que ele deseja ser. Ele decide mudar algumas posturas que estavam impregnadas em sua criação machista e de anos vivendo em um sistema patriarcal que oprime as mulheres e homens, construindo uma ideia do que é ser homem e ser mulher.

Com uma fotografia sensível e uma coloração que gera tranquilidade no espectador, a direção de  Ian Leite e Luiza de Castro discute de forma harmoniosa a qualidade da fala e da comunicação do homem e como a violência e a masculinidade adoecida gera um desequilíbrio familiar, relacional e social.

Somos conduzidos por um movimento suave da sonoplastia que nos apresenta a possibilidade de entrarmos em contato com o homem saudável emocionalmente, o homem que propõe quebrar todas as barreiras impostas. Esse movimento tanto do homem como dos cortes das cenas fala dos conflitos gerados desde sua juventude; porém, a proposta desta narrativa é a de libertação dos homens e dos seus corpos e mentes, possibilitando a um futuro mais positivo.

No filme há um personagem da cidade de Guarulhos, o professor e bailarino Felipe Cirillo, que integra um grupo de homens que fala da masculinidade negra e da importancia do reconhecimento dos padrões hegemônicos existentes em nossa sociedade e que determina a fígura do que é ser Homem cis, hetero, normativo, branco, com o seu olhar europeu e que esta imagem se estabelece como os homens devem ser e se portar. 

A participação de Cirillo no filme traz a importancia de falar da masculinidade negra e provoca em nós o questionamento da necessidade da quebra do padrão hegemônico como sendo a premissa brasileira, pois este padrão não representa os homens do Brasil, que em sua maioria são negros ou descendentes de negros, construindo assim um olhar muito mais afro brasilerio do que europeu. 

Dentro do discurso do filme essa passagem sobre quem é o homem da questão ou sobre qual homem esta sendo falado ou reproduzido socialmente há por séculos se torna extremamente importante para  provocar a quebra do padrão e para que haja reconhecimento e lugar de fala do homem negro na sociedade brasileira.

Outro ponto de importância deste trabalho são as estatísticas que nos revela uma pesquisa consistente e que ao mesmo tempo nos assusta, por ser tão agravante o adoecimento psicológico dos homens e o quanto a pressão que eles sofrem pode ocasionar até um maior número de suicídios do que das mulheres.

Em contraposição a todo o alarde levantado pelos dados estatísticos, temos o trabalho que está sendo feito através de grupos de apoio e acolhimento e iniciativas que buscam levar para escolas estaduais dinâmicas entre meninos e meninas para promover sensibilização do menino diante de seu comportamento com as meninas. Isso modifica toda a relação que é criada e estabelecida entre eles. Partindo deste ponto, percebemos a importancia deste documentário que vai fissurando toda a ideia do ser homem construída pela sociedade e

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